Fundos de participação, bancos e empresas do setor manufatureiro precisam investir mais em tecnologias que usam fontes de energia limpas para ajudar a desacelerar o aquecimento global e acelerar o desenvolvimento de uma "economia verde", disse uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante a próxima década, cerca de 40% da infra-estrutura de energia da Terra será substituída, oferecendo uma "tremenda oportunidade" para a escolha de turbinas eólicas e painéis de energia solar em detrimento das centrais elétricas movidas a carvão, disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa Ambiental da ONU, o UNEP, em conferência sobre o clima realizada ontem em Mônaco.
Ministros do Meio Ambiente de 100 países estão reunidos no principado esta semana para discutir maneiras de superar as ameaças que as mudanças climáticas representam ao meio ambiente e à economia mundiais. Os países de todo o mundo têm menos de dois anos para negociar uma substituição para o Protocolo de Kyoto, que exigiu que as nações desenvolvidas reduzissem suas emissões de gases geradores do efeito estufa, responsabilizados pelo aquecimento global. O tratado de Kyoto expira em 2012.
Recado às empresas
"A mensagem principal é como iremos transformar as economias poluentes do século 20 na economia verde do século 21", disse Steiner. "Nós precisamos dar às empresas a clareza de que elas necessitam em termos de legislação e políticas." Os investimentos mundiais em formas de geração de energia sustentáveis provavelmente alcançaram US$ 85 bilhões no ano passado, mais do que triplicando a partir dos US$ 27,5 bilhões de 2004, segundo o UNEP. Com o inchaço dos déficits dos governos mundiais, os financiamentos para desacelerar as mudanças climáticas terão de vir do setor privado.
"Nós estamos aqui devido ao fracasso do mercado e das políticas de governo", disse Steiner. "Espero que estejamos nos aproximando de um paradigma mais inteligente, em vez de apenas do conflito tradicional entre o mercado e o setor público."
Efeitos nocivos
Até 2050, 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, além de US$ 400 bilhões adicionais, serão necessários para reduzir as emissões de dióxido de carbono no planeta em cerca de 29 gigatons, segundo o UNEP. O Painel Intergovernmental sobre as Mudanças Climáticas da ONU, que compartilhou o Prêmio Nobel da Paz do ano passado com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, estima que as emissões de dióxido de carbono precisam ser estabilizadas em uma faixa que vai de 535 a 590 partes por milhão até 2050 para que possamos evitar uma mudança climática "perigosa" que provoque o aumento das inundações e das secas no planeta.
(Gazeta Mercantil, FGV, 21/02/2008)