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biocombustíveis biodiesel
2008-02-22
A pesquisadora Magaly Fonseca Medrano, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), afirma que, na área ambiental, a mistura obrigatória de 2% de biocombustível no diesel comum até 2013 não representa redução significativa das emissões de gases perigosos para a atmosfera.

A adição obrigatória está em vigor no país desde o dia 1º de janeiro. De acordo com a pesquisadora, só ocorreria diferenciação nas emissões de gases que contribuem para o efeito estufa se fosse adicionado 50% de biodiesel no diesel que é vendido atualmente.

Além das emissões de gases, a pesquisa analisou o uso da soja como matéria-prima do biodiesel. Para a pesquisadora, a soja é a oleaginosa mais vantajosa para a produção de biocombustível. Isso porque é o grão mais produzido no país e conta com a mais estruturada cadeia de transporte e processamento. Mas, segundo ela, a soja não apresenta apenas vantagens. A produção de óleo a partir do grão é baixa, apenas 20% de sua massa.

O diretor executivo da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Sérgio Beltrão, concorda que a produtividade de óleo com a soja como matéria-prima não é tão eficaz se quanto a de outras oleaginosas como o dendê e a mamona. Beltrão explica que o programa de biodiesel não tinha outra alternativa para começar a produção se não fosse a soja, mas ele acredita que essa tendência irá mudar com o passar do tempo.

“O processo de diversificação para outras culturas que produzem biodiesel se dará com o aumento em pesquisas e da área plantada em outras culturas, para que em médio prazo, dentro de três a cinco anos, exista uma oferta de outros óleos para diversificar a produção de biodiesel.”

Ainda no estudo, a pesquisadora da UnB alerta que a utilização da soja para produzir biodiesel vai aumentar a demanda pelo grão, o que poderá aumentar a pressão sobre a floresta amazônica.

Legisladores internacionais não chegam a consenso sobre biocombustíveis

Uma recomendação sobre produção sustentável de biocombustíveis deverá fazer parte do documento que legisladores de países do G8 e mais cinco economias emergentes, entre elas o Brasil, estão discutindo em Brasília e levarão à próxima reunião das maiores economias globais, em julho. No entanto, um impasse entre os negociadores atrasou um consenso sobre o assunto no primeiro dia do evento, promovido pela Globe - Organização Mundial de Legisladores para um Ambiente Equilibrado.

Apesar do acordo sobre alguns pontos do rascunho da proposta, como a criação de certificações “críveis e independentes” para o comércio internacional de biocombustíveis e a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, representantes da União Européia, China, Índia, Japão e África do Sul apontaram divergências.

Um dos parlamentares da delegação alemã reclamou hoje (20) da ausência de posições contrárias ao biodiesel no painel sobre o tema, alguma organização não-governamental brasileira ou latino-americana, por exemplo. O debate foi conduzido pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP), com apresentações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).

“O Brasil pode até não ter problemas com a questão das florestas [para produzir biocombustíveis], mas outros países podem ter e não devemos construir um documento baseado apenas na realidade brasileira”, disse. Ele citou a Indonésia, onde florestas tropicais são derrubadas para plantação da palma, de onde é extraído o óleo dendê para biodiesel. “Temos que ver o mundo como um todo, não apenas os bons exemplos do Brasil”, comentou.

Na avaliação dos japoneses, as recomendações ao G8 sobre biocombustíveis também precisam incluir questões como a influência dos pesticidas utilizados nas culturas sobre a qualidade das águas e os reais impactos sobre a diversidade biológica, a fim de delimitar quais biomas ou regiões do planeta não deverão ser utilizados para esse fim.

A troca de experiências na produção de biocombustíveis entre países em desenvolvimento, os impactos a longo prazo das monoculturas sobre o solo e até políticas de desestímulo à produção não sustentável também foram apontados como sugestões ao documento.

A redação final do texto sobre biocombustíveis deverá ser apresentada amanhã (21), se os parlamentares chegarem a um acordo. Além de combustíveis renováveis, o documento com recomendações ao G8 vai incluir questões como transferência de tecnologia, criação de um mercado de carbono global e estímulos financeiros à redução do desmatamento.

(Agência Brasil, 21/02/2008)
 

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