Barcos e animais de tração também são usados para atravessar a correnteza.Pontes improvisadas construídas por cidadãos oferecem risco de acidentes
A chuva dos últimos meses tem ajudado a agricultura em Minas Gerais. Mas a água que facilita o plantio também aumenta o volume de vários rios no interior. Com a correnteza mais forte, moradores da Zona Rural não conseguem atravessar os rios. Faltam pontes. Quem tem pressa acaba se arriscando em pontes improvisadas e barcos precários.
No alto da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais, a produção de bananas tem que cruzar o rio pra chegar à cidade. Mas, sem ponte, o jeito é se arriscar. Alguns produtores usam os animais. Outros apelam para o trator. “Quando atravessamos o rio, entra água na embreagem”, conta o agricultor Valdenir Teodoro dos Santos.
Há dificuldade também para os estudantes. A travessia é por uma passarela de madeira, feita pelos próprios moradores. “Estamos com muita dificuldade com essa ponte porque, na época da chuva, ela fica escorregadia e se inclina. As crianças estão correndo risco”, alertou a professora Alberta de Castro.
Em outro ponto do rio, o problema é conseguir mandar o leite às cooperativas. “Eu estou aguardando o momento de ir à cidade, porque não se encontra solução alguma”, disse o agricultor José Benedito.
A prefeitura de Itajubá disse que vai construir uma ponte no distrito, mas, não sabe quando. Cruzar o rio também é um drama para quem vive na zona rural de Brumadinho, perto de Belo Horizonte. Por causa da cheia, a passarela improvisada desabou.
Os moradores já construíram a quinta ponte de bambu no local. A antiga ponte de madeira que ligava as duas cidades caiu há 30 anos. Para fazer a travessia, os moradores têm que se arriscar usando botes ou pegando a estrada. Nesse caso, um percurso de 50 metros se transforma em um caminho de 60 quilômetros.
“É muito longe e depende de ônibus. Tomamos mais tempo”, comentou o agricultor Geraldo Gualberto.
O movimento de canoas é grande. Algumas atravessam até 30 pessoas por dia. Em Virgem da Lapa, no norte de Minas, a ponte existe, mas está pela metade. Para não dar uma volta de 250 quilômetros, os moradores usam uma canoa de madeira.
As tábuas estão em péssimas condições, e os passageiros ajudam a tirar a água da embarcação. “É entregar o coração a Deus e passar”, disse o agricultor Valdeir Pereira.
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G1, 21/02/2008)