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2008-02-22
Dono de um patrimônio autodeclarado de US$ 16 bilhões, Eike Batista, 51 anos, planeja multiplicar o os bens com atividades em petróleo, logística e energia.  Depois de vender parte da operação de minério de ferro para a Anglo American, diz que continuará na mineração, setor que mais o ajudou a acumular fortuna, mas deixa claro que o ponto forte na área é avaliar jazidas e criar valor, não ficar para sempre com elas.  Nos planos, estão a volta de investimentos na Bolívia, em siderurgia e ainda em exploração de gás.  O empresário cogita um acordo com a espanhola Repsol YPF, que possui campos importantes do insumo no país.  Batista defende as ações do presidente Evo Morales na região.  Eike também negocia com multinacionais para formar parcerias na exploração de áreas arrematadas no leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP).  Os investimentos planejados pela EBX, a holding de Batista, para os próximos anos, somam pelo menos US$ 5,4 bilhões.  A maior parte para energia e logística, disse o empresário em entrevista na sede da empresa, na Praia do Flamengo.  Sede que, aliás, pode mudar de endereço.  Eike negocia a compra do Hotel Glória, famoso pelo estilo clássico, no qual planeja se instalar.

Com o sucesso da negociação com a Anglo American, qual é agora o carro-chefe?

O petróleo.  Tem escala gigantesca, umas 50 vezes maior que a mineração.  É um business diferente.

O senhor gosta de risco.  Um exemplo foram os altos lances no leilão de petróleo.

- Não nos importamos em gastar US$ 50 milhões para pesquisar alguma coisa.  É óbvio que temos uma leitura do eventual potencial, mas só tem resultado depois de arriscar.

A cobrança de royalties na mineração no Brasil é considerada mais barata que em outros países.  Isso atrai investimentos?

- O problema é que é o royalty e mais o imposto de renda.  A carga final é o que interessa.  A busca do Brasil é pelo fato de ter o melhor minério de ferro do mundo.

Os preços estão em alta, qual a tendência?

- Os preços não vão recuar porque os minérios acabam.  Os de alta qualidade não existem mais.  O chinês lavra o minério de 10% de teor.  Eles raspam o tacho.  Não existe mais hoje o granulado.  A maior jazida de granulado que sobrou é da Rio Tinto, em Corumbá.  Então, cuidado, se US$ 10 era o custo, pode começar a olhar para US$ 20.

Quem serão os sócios para tocar os 21 blocos arrematados no leilão da ANP?

- Até agora, Maersk e Perenco.

Quais os planos para a OGX?

- Queremos abrir capital aqui há um valor de provavelmente US$ 12 bilhões antes da captação e queremos captar uns US$ 2 bilhões.

Há fôlego para participar do próximo leilão?

- Isso temos sempre.

O grupo também constrói hospital para empresas particulares, negocia o Hotel Glória...

- Estamos negociando o Hotel Glória.  Queremos reformá-lo para voltar a ser o que era em 1920.

Quais os projetos sociais da companhia?

- Temos alguns, um deles o projeto de despoluição da Lagoa.  Construção de hospitais.  Esses projetos vão aumentar.  Mas vamos fazer as coisas organizadamente.

A ousadia foi característica fundamental para erguer o patrimônio de US$ 16 bilhões?

- Não tenho medo de investir.  Venho da área de ouro, onde a taxa de acerto é de 17 mil para um, se me apresentam um negócio com 30%, 50% de taxa de acerto, é ótimo.

Como pretende multiplicar esse patrimônio?

- Com investimentos em petróleo, logística, energia.  Mineração tem menor participação, porque as reservas são limitadas.

E os parceiros na área de petróleo?

- Tem uns chineses gigantes, indianos gigantes.  Emergentes.

E a Shell?

- Bons sócios (risos).

E a ExxonMobil?

- Gente boa (risos)

E investimentos no exterior.  Na Bolívia, por exemplo?

- A Bolívia nos interessa porque tem muita energia.  O Evo fez o que tinha de fazer.  Quis quebrar um centenário de exploração desenfreada do País dele.  Aquilo era uma espoliação e alguém tinha que entornar o caldo.  E o bom é que é um cara honesto, que quer o bem mesmo.  Pensamos em investir lá em energia e siderurgia.  Gerar energia térmica para o Brasil.  Nos interessa entrar na exploração de gás.

Qual a visão do cenário macroeconômico do Brasil?

Espetacular.  Se eu estou vendo a possibilidade de dobrar o volume de produção agrícola em sete anos, teremos um crescimento sem parar aí, mais uma economia muito pouco alavancada.  O Itaú, por exemplo, só tem 12% da carteira alavancada em imóveis.  Imagina o que tem para crescer.

E um PIB de quanto?

- O problema de crescer demais são os gargalos.  Na construção civil, há um problema de falta de energia.  Falta cimento

(Jornal do Brasil, 21/02/2008)

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