Presidente discursou durante fórum sobre mudanças climáticasEm discurso no Fórum de Legisladores sobre Mudanças Climáticas, no Palácio do Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os países ricos que não cumprem acordos e tratados internacionais. A título de exemplo, citou o Protocolo de Kyoto, que trata da redução da emissão de dióxido de carbono.
— O dado verdadeiro é que o Protocolo de Kyoto não pode ser uma peça de ficção. É muito fácil assinar documentos e esquecer na gaveta — disse.
Na opinião do presidente, os países em desenvolvimento devem ser vistos como vítima do aquecimento e não pagar a conta pelos problemas no clima.
— Os países ricos, na maior desfaçatez, arrumam argumentos para não cumprir acordos — afirmou.
Para o presidente, o desafio ambiental é conciliar demanda de produção de alimentos, especialmente em países como Brasil, China e Índia, com conservação das florestas. Ele assegurou que, no caso brasileiro, há possibilidade de expansão da agricultura sem desmatar a Amazônia. Lula citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram que a Amazônia tem 360 milhões de hectares, o que representa 42% do território nacional. Ele voltou a enfatizar que é preciso, especialmente no debate sobre a Amazônia, pensar nas condições sociais e nas necessidades da população da região.
— Temos de preservar o meio ambiente. Mas, sobretudo, a gente tem de lembrar que tem muitos seres humanos que precisam comer — afirmou.
Ainda no discurso, o presidente voltou a defender a retomada das negociações comerciais de Doha:
— Sabemos que se não houver flexibilidade de um conjunto de países para permitir acesso a seus mercados, os países pobres de hoje serão os países pobres de amanhã e de sempre.
Segundo Lula, os "nossos irmãos" dos países ricos devem fazer esforços para que as riquezas minerais sejam de todos e não apenas de poucos.
(
Diário Catarinense, 21/02/2008)