Entrevista
Safras: La Niña (este ano) é menos danosa do que El Niño
Ronaldo Matzenauer, diretor do Centro de Meteorologia Aplicada e pesquisador em Agrometeorologia da Fepagro-RS:
Quais são as principais características dos fenômenos climáticos La Niña e El Niño?
La Niña está relacionado à menor quantidade de chuvas no Sul do Brasil. Em eventos de El Niño, ocorre o contrário.
Quais são os reflexos, para a produção agrícola, do La Niña e do El Niño?
Potencialmente, o El Niño é mais danoso à produção agrícola gaúcha do que o La Niña.
O sr. coordenou um estudo amplo sobre a influência destes fenômenos em 20 anos no Estado. Qual foi a conclusão?
A conclusão a que chegamos é que os anos neutros (sem a ocorrência do La Niña e do El Niño) são os mais nocivos. No período de vinte anos estudado, ocorreram 10 estiagens com quebra superior a 2 milhões de toneladas de grãos nas duas culturas, soja e milho, assim descritos: 3 anos de de La Niña; 3 anos de de El Niño fraco; 4 anos Neutros (sem sinal do fenômeno).
Então, as perdas no campo não ocorrem somente em anos de La Niña?
Isso mesmo. Aliás, as maiores reduções de safras de soja e milho ocorreram em anos de El Niño fraco e não em anos de La Niña.
Este ano, estamos vivendo os efeitos do La Niña. O que podemos esperar para a safra que será colhida?
As projeção são melhores do que imaginávamos. Para a cultura da soja, que é plantada mais tarde, deve-se aguardar ainda o regime de chuvas no final de fevereiro e durante o mês de março, que é um período decisivo para a cultura da soja.
(Políbio, 20/02/2008)