A Organização das Nações Unidas (ONU) acatou hoje a idéia proposta pela Costa Rica de criar a Rede de Neutralidade Climática (CN Net), à qual, no primeiro dia, já se uniram quatro países, quatro cidades e cinco empresas, entre elas a brasileira Natura. Essa federação on-line de países, cidades e companhias tem com objetivo ser uma ferramenta para se alcançar o nível zero em emissões poluentes.
A CN Net também pode ser usada para trocar idéias e experiências e dar exemplo de "neutralidade climática", segundo foi anunciado hoje em Mônaco, no último dia da décima sessão especial do Conselho do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que começou na quarta-feira.
Em declarações ao site oficial da rede, Eduardo Luppi, vice-presidente da Natura para Inovação, disse que uma iniciativa como esta é "essencial para estimular a troca de idéias de uma maneira que países e empresas se comprometam cada vez mais com a redução na emissão de gases que contribuem para o efeito estufa".
Além da Costa Rica e da Natura, já se associaram à rede Islândia, Nova Zelândia e Noruega; as cidades de Arendal (Noruega), Rizhao (China), Vancouver (Canadá) e Växjö (Suécia); e as companhias CFS (Reino Unido), Interface Inc. (EUA), Nedbank (África do Sul) e Senoko Power (Cingapura).
Durante entrevista coletiva, Roberto Dobles, ministro do Meio Ambiente da Costa Rica e presidente da reunião do Pnuma em Mônaco, inaugurou as atividades da rede e disse que seu país alcançará a neutralidade climática em 2021, mesmo ano em que celebrará os 200 anos de sua independência.
A Nova Zelândia prometeu estar climaticamente neutra em 2012; a Noruega, em 2030, e a Islândia, em 2050. Segundo os ministros de Meio Ambiente destes países, tais datas parecem distantes, mas representam uma intensa e progressiva redução de emissões poluentes a partir de agora, superiores às indicadas pelo Protocolo de Kioto.
A ministra do Meio Ambiente islandesa, Thórunn Sveinbjarnardóttir, anunciou que seu país já "descarbonizou" o setor doméstico - usando um novo verbo que já está na boca de especialistas e políticos presentes na reunião de Mônaco para se referir à eliminação de emissões de dióxido de carbono (CO2).
Sveinbjarnardóttir afirmou que os outros setores serão "descarbonizados" em breve e disse que este processo traz "benefícios econômicos" e exige "inovação e eficiência". O ministro de Meio Ambiente e Desenvolvimento Internacional norueguês, Erik Solheim, afirmou que, "por enquanto", muitos membros da CN Net não poderão ser efetivamente neutros "sem recorrer ao mercado de bônus de carbono".
Solheim se referia ao sistema que permite trocar o preço de determinados volumes de CO2 por ajuda e financiamento ao desenvolvimento de projetos ecológicos. O norueguês admitiu que não existirá um organismo para controlar o cumprimento das promessas dos membros da rede de neutralidade climática, mas "serão os cidadãos que exigirão isso de seus políticos", disse.
O ministro Dobles anunciou que parte de seu programa para alcançar a neutralidade climática consiste em um amplo reflorestamento. Segundo ele, "em 2007, seis milhões de árvores foram plantadas na Costa Rica, sendo um país com pouca população, e mais sete milhões serão plantadas neste ano".
As autoridades locais da cidade chinesa de Rizhao, no sudeste do país, enviaram um comunicado a Mônaco no qual afirmam que "quase 100% dos lares já utilizam energia solar e que, em oito anos, as emissões de CO2 caíram em 50%".
Os Governos, as cidades e as empresas que quiserem ser climaticamente neutras têm a partir de hoje à sua disposição o site www.climateneutral.unep.org, onde há informações para fazer parte da CN Net. A décima sessão especial do Pnuma aconteceu em Mônaco durante esta semana para promover projetos privados que ajudem a frear a mudança climática e preparar propostas para a reunião regular da Copenhague, em 2009.
(Efe,
UOL, 21/02/2008)