A Polícia Federal (PF) decidiu atrasar as ações ostensivas dos agentes na Operação Arco de Fogo, que deveria ser desencadeada quinta-feira para reprimir o desmatamento ilegal em toda a Amazônia. "Por enquanto, o trabalho está sendo feito pelo serviço de inteligência. Quando chegar a hora, os agentes vão agir em toda a Amazônia", disse ontem o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa.
Pelo menos 1,1 mil homens da PF, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Força Nacional, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Polícias Civil e Militar dos Estados que formam a Amazônia Legal serão usados quando a operação for desencadeada, informou Corrêa. Os serviços de informações identificaram quase todos os madeireiros que agem, ilegalmente, na região. Sabe, por exemplo, que estão com dificuldades de transportar para escoar a madeira, visto que o estado das estradas é muito ruim.
Por causa da iminente repressão à derrubada ilegal de árvores na Amazônia, teve início a reação de negociantes de madeira. Hoje mesmo, eles demitiram milhares de trabalhadores em Tailândia (PA), onde, na semana passada, foram apreendidas tantas toras de madeira que dariam para encher 500 caminhões. A PF recebeu a informação de que seis funcionários do Ibama foram mantidos prisioneiros por algumas horas e, incentivados pelos donos das madeireiras, parte dos que foram desempregados derrubou uma torre de transmissão de telefone celular.
O atraso no início da Arco de Fogo ocorreu por causa de vários tipos de incidentes. Alguns, de acordo com a polícia, por necessidade da ação, como a preparação de pistas de pouso de aviões e logística de movimentação de forças; outros, totalmente alheios à PF, como a divulgação de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no dia 23. Os dados de satélite, que indicaram o aumento do desmate em novembro e dezembro, causaram uma crise dentro do governo. Com isso, a PF teve de mudar o plano de início da operação, pois cortadores de madeira e fazendeiros que desmatam suspenderam as ações que desenvolviam.
(Por João Domingos,
Agencia Estado, 20/02/2008)