A Petrobras deu o primeiro passo objetivo no caminho da construção de um alcoolduto de mil quilômetros de extensão ao aprovar a criação de uma empresa para executar o projeto. A obra vai ligar zonas produtoras a um terminal para exportação do etanol.
De acordo com o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em oito meses a empresa formada em parceria com Camargo Corrêa e a japonesa Mitsui vai elaborar os projetos conceitual e básico.
Se aprovados, a construção de 1 bilhão de dólares será iniciada imediatamente e terá capacidade para transportar 12 bilhões de litros de etanol por ano.
"Antes do final do ano a gente já vai estar com tudo pronto e vai tomar a decisão de construção, agora vai andar mais rápido", informou Costa à Reuters nesta quarta-feira.
Para o executivo, a etapa mais importante do processo foi a criação da empresa, que permite agilizar o processo e está aberta à entrada de mais sócios. Em um primeiro momento, a nova empresa será dividida igualmente entre as três participantes.
"Temos feito vários contatos com cooperativas, usineiros, teremos espaço para entrada de produtores no duto, quem tiver interesse em investir poderá ser sócio", explicou Costa.
A construção do alcoolduto está ligada ao projeto da Petrobras de se tornar produtora de etanol visando exportação. A empresa avalia projetos de produção junto a usineiros brasileiros ao mesmo tempo em que atua no Japão para garantir a venda do combustível.
A Petrobras depende no entanto da criação de um mercado de larga escala do álcool no Japão --que hoje consome o produto nos setores farmacêutico e alimentício-- para começar a produzir no Brasil. Além do uso nos carros, como no Brasil, a expectativa é de que termelétricas japonesas funcionem com o biocombustível.
"Devemos ter uma notícia boa em abril, quando o partido que apóia o governo (do Japão) vai levar uma proposta para zerar as tarifas de importação de etanol", antecipou Costa. "Esse ano será um ano de boas notícias na área de etanol".
O alcoolduto que está sendo estudado ligará Senador Canedo, em Goiás, a Paulínia, em São Paulo, e inclui ainda um segundo trecho que interligará a Hidrovia Tietê-Paraná ao Terminal de Paulínia. O empreendimento passará por Uberaba, em Minas Gerais, Ribeirão Preto, Paulínia e Guararema, em São Paulo.
Segundo nota da Petrobras enviada na noite de terça-feira, do Terminal de Guararema o duto segue para o Terminal de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo e para o Terminal da Ilha dÁgua, no Rio de Janeiro, através do poliduto OSRIO, já existente, que passará a ser exclusivo para etanol.
(Por Denise Luna,
Agência Estado/Reuters, 20/02/2008)