Pesquisadores e alunos da Unisc percorreram o Pardinho durante um ano
O Pardinho ainda é um rio bem povoado de peixes. A constatação é de um grupo de pesquisadores do Departamento de Biologia e Farmácia da Unisc que, durante um ano, realizou coletas e registros de espécies nativas e exóticas em diversos pontos do manancial, incluindo afluentes.
De acordo com o coordenador do trabalho, o biólogo e professor Andreas Köhler, o Rio Pardinho, ao longo do seu curso, conta com 48 espécies de peixes registrados. A predominância é do conhecido lambari, que possui 15 variações, entre elas o de cauda-vermelha, dente-grande e o boca-larga. Mas também há outros nativos como o jundiá, traíra, violinha, cascudo e dourado. O de maior tamanho é o muçum, tendo sido encontrados exemplares com até 90 centímetros de comprimento.
Destacou que, em algumas regiões, foram localizados peixes exóticos, como carpa, tilápia e bagre. Eles entram com as enchentes ou no rompimento de açudes. Estas espécies não chegam a causar um grande impacto ambiental, pois não se reproduzem nas águas mais frias. Apenas concorrem com os nativos na caça do alimento. Além disso, quando adultos podem devorar espécies menores.
Apesar de ser um curso de água de proporções pequenas, o Pardinho apresenta uma alta diversidade ictiofaunística. O fato é positivo, pois revela que a poluição não é tão grande como se imagina. “O rio é poluído nas áreas próximas da cidade. Mas antes é relativamente pouco.”
Limpeza
Para o biólogo, ainda é tempo de se iniciar um projeto de limpeza do manancial. Isso passa por tratamento de esgoto e controle sobre os agrotóxicos usados nas lavouras.
Para exemplificar os danos provocados pela poluição, disse que na altura do balneário Engelmann, em Sinimbu, é possível capturar dois mil lambaris por dia. Perto de Santa Cruz, onde a Sanga Preta ingressa no Pardinho, o número cai para 100. Outras espécies, inclusive, não aparecem mais nesta região. “Nesta parte superior, a situação é ruim. Mas, mesmo assim, ainda existe vida.”
(Por José Augusto Borowsky, Gazeta do Sul, 20/02/2008)