Embora a Conesul tenha vencido a licitação e permaneça responsável pela coleta do lixo, operação da usina de triagem e transporte dos resíduos até o destino final, em Minas do Leão, o serviço vai mudar em Santa Cruz do Sul. O resultado da concorrência, aberta em novembro, foi oficializado ontem pela Prefeitura, que espera apenas o prazo legal de cinco dias úteis para assinar o contrato com a concessionária.
A única mudança direta para o cidadão será a ampliação da coleta seletiva com o caminhão especial da Conesul. Indiretamente, porém, o santa-cruzense será beneficiado com a economia anual de R$ 470 mil que a Prefeitura terá com o serviço, vai ajudar na preservação ambiental e colaborar para a geração de emprego e renda aos catadores. É para eles que irá, a partir de agora, todo o material reciclável recolhido pelos caminhões do lixo.
Essa é, conforme o prefeito José Alberto Wenzel (PSDB), a grande novidade imposta pela licitação, cujo edital levou mais de meio ano para ser elaborado. “Foi um trabalho minucioso com foco na economia e preservação ambiental”, resumiu o procurador-adjunto do município, Edson Prochnow. Segundo ele, ao fixar no edital o valor máximo dos serviços, a Prefeitura incentivou as concorrentes a baixarem preços.
Hoje, as cerca de 65 mil toneladas de resíduos produzidas diariamente em Santa Cruz custam R$ 310 mil por mês aos cofres públicos. Com as novas regras, o custo cairá para aproximadamente R$ 272 mil mensais, uma diferença de R$ 39 mil. E a economia poderá ser ainda maior: os catadores deverão absorver mais material reciclável do que é processado pela Conesul, reduzindo o custo com transporte até o aterro de Minas do Leão.
Para o coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR) em Santa Cruz, Fagner Jandrey, a destinação da coleta seletiva para os catadores é resultado de uma mobilização iniciada em 2003. “Isso é resultado de uma luta nossa”, disse. Hoje, segundo Jandrey, 30 pessoas trabalham na triagem do material em um pavilhão alugado pela Prefeitura no Bairro Avenida, número que subirá para 50 a partir da chegada do material recolhido pela Conesul.
A preocupação agora é a falta de espaço. Além do material recolhido nas ruas de Santa Cruz, eles recebem resíduos de Vale do Sol e Sinimbu, volume que já esgotou a capacidade do atual prédio. “A Prefeitura terá que nos ceder um espaço maior com urgência”, cobrou. Conforme o coordenador do Departamento de Meio Ambiente (Dema), Clero Ghisleni, o material passará por uma triagem na usina e, o que for para os catadores, será compactado, reduzindo o volume.
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Gazeta do Sul, 20/02/2008)