As famílias também receberam caixas d´água para evitar o uso dos poços artesianos. As cerca de 20 famílias que vivem nas proximidades do Arroio Cascalho, onde foi encontrado lixo tóxico em uma propriedade particular na última semana, receberam caixas d’água para evitar o uso dos poços artesianos, muito comuns na localidade. Algumas pessoas disseram ter se sentido mal depois do contato com a água do córrego. Então, ainda nesta semana, a prefeitura irá disponibilizar veículos para transportar os moradores ao posto de saúde, onde devem fazer exames pré-agendados. Quanto ao material encontrado, ele está sendo analisado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O proprietário do local, que deveria ter se apresentado até o último sábado, não apareceu para prestar depoimento.
De acordo com o secretário municipal de Indústria, Comércio e Meio Ambiente, Délcio da Silva, já na sexta-feira os moradores receberam as caixas d’água de 320 litros, com torneiras. ‘‘Antes disso, eles haviam recebido galões com água mineral. Agora estamos abastecendo as caixas com caminhões-pipa, sempre que necessário’’, disse. Além do abastecimento, a prefeitura enviou uma equipe da Vigilância Sanitária para realizar a análise dos poços artesianos.
‘‘Só não usamos a água da caixa para tomar banho e lavar roupas. Estas foram as instruções que recebemos’’, contou a faxineira Marina de Oliveira, 43 anos. Ela, que é moradora da casa ao lado do local atingido, garantiu que já havia sentido um forte cheiro, antes do lixo ter sido descoberto. A irmã de Marina, a dona de casa Andréia Oliveira, 35, também recebeu uma das caixas d’água. ‘‘Meu marido passou mal na semana passada, com vômitos e diarréia. O meu sobrinho também teve os mesmos sintomas depois de ter tomado banho no arroio. Ainda não sabemos se há alguma relação ou se é apenas uma virose.’’
A área onde os produtos tóxicos foram encontrados já foi isolada e uma equipe da 2ª Companhia do 1º Batalhão Ambiental de Sapucaia do Sul está fazendo rondas constantes pelo local, que fica na Rua Campo Grande, na Zona Rural do município. ‘‘Já foi realizada perícia pelo Departamento de Criminalística da capital. Eles farão um levantamento técnico do ambiente, mas ainda não sabem precisar quando sairão os resultados’’, salienta o sargento Marco Antônio Lopes Ramalho. ‘‘O caso já foi encaminhado para a delegacia do município’’, completa ele, ressaltando que enquanto isso, está sendo realizado um relatório com as empresas identificadas nos tonéis e embalagens de alguns produtos encontrados.’’
(Jornal VS, 19/02/2008)