Milhares de cultivadores de folha de coca protestam na região Noroeste da Colômbia, contra uma campanha de erradicação manual desses cultivos. As autoridades regionais informaram ainda que "dois manifestantes morreram em mãos de desconhecidos". Os protestos se concentram nos municípios de Valdivia e Tarazá e em um povoado vizinho (noroeste), e reúnem a cerca três mil pessoas carentes, disse o secretário de governo do estado de Antioquia, Andrés Rendón.

Estimativas da imprensa, no entanto, colocam em mais de seis mil os manifestantes que chegaram aos centros urbanos dessas localidades procedentes de vários povoados.

Segundo Rendón, os protestos foram iniciados há duas semanas com a chegada à zona de umas quatro mil pessoas contratadas pelo governo para erradicar manualmente cerca de nove mil hectares de coca, pois "resultaram insuficientes" as fumigações aéreas com o herbicida glifosato.

"Eles exigem que se suspenda a erradicação, coisa que não vamos fazer", disse o funcionário, e acrescentou que os camponeses rechaçam um programa de subsídios oferecidos pelo governo com o argumento de que a coca proporciona maiores lucros.

O comandante da polícia em Antioquía, coronel Eduardo Martínez, denunciou que a manifestação é "estimulada pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)", segundo os militares "envolvida no negócio".

Rendón disse que "há sérios indícios de que as FARC estão pressionando os cultivadores" para que mantenham o protesto, e garantiu que "dois deles foram assassinados pela guerrilha" no final de semana quando voltavam para seus terrenos. "Temos confirmados dois mortos e outros três estão desaparecidos", disse.

Fontes próximas às FARC disseram, entretanto, que os camponeses assassinados o foram por criminosos pagos,q eu atuam como provocadores para proporcionar desculpas repressivas ao governo.

O secretário disse que "umas 2.500 pessoas que protestam em Valdivia poderiam voltar para suas casas" a partir de quarta-feira, caso cheguem a um acordo com a Prefeitura local, que ofereceu inscreve-los em um programa de titulação de terras.

O governo colombiano projeta aniquilar uns 100 mil hectares de narco-cultivos este ano em todo o país. A coca, cujo cultivo é a principal fonte de recurso para os agricultores, não é processada industrialmente na Colômbia. Por isso, sua erradicação favorece unicamente aos interesses dos EUA e ao governo colombiano, que recebe milhões de dólares para aniquilar este cultivo.

(@DIN, Adital, 19/02/2008)