O nível de água do lago da Barragem de Pedra do Cavalo, localizada em Cachoeira (a 110 km de Salvador, no Recôncavo) é o menor nos últimos 14 anos. A barragem, construída em 1982, é responsável pelo abastecimento de água de 60% da população de Salvador e Região Metropolitana, além de Feira de Santana e Região Fumageira.
Por causa da seca na Bacia do Rio Paraguaçu, desde junho do ano passado que todas as cinco comportas de Pedra do Cavalo permanecem fechadas e a água que sai do lago - em torno de 10 metros cúbicos por segundo - é apenas para garantir a vida do rio, a chamada vazão ecológica.
O lago, que acumula 4,6 bilhões de metros cúbicos de água recuou oito metros da sua cota máxima de operação, que é de 120 metros, para 112 metros, o que fez acender a luz amarela tanto na Embasa como na Superintendência de Recursos Hídricos, que operam as barragens no estado. Mesmo assim o coordenador de Operações de Barragens da SRH, João Hilton, diz que a água de Pedra do Cavalo é suficiente para garantir o abastecimento de Salvador por pelo menos oito meses.
Atualmente, Pedra do Cavalo envia para Salvador cerca de 6,8 metros cúbicos (cada metro cúbico equivale a mil litros) de água por segundo, enquanto que a cidade recebe de água das demais barragens - Joanes I e II, Ipitanga I, II e III e Cobre - aproximadamente outros 3,5 metros cúbicos de água por segundo.
Racionamento - O superintendente de Operações da Embasa para Salvador e RMS, Carlos Ramirez, disse que o corte de 400 litros de água por segundo, que vem sendo feito na Estação de Bolandeira, afetando bairros da orla de Salvador, a partir do Rio Vermelho, região da Avenida Paralela e até Vila de Abrantes, em Lauro de Freitas, vai continuar.
O corte deve-se à situação crítica do reservatório da Barragem de Joanes-II, que responde por aproximadamente 40% do abastecimento de água da capital. Para diminuir os riscos de racionamento em Salvador, a Embasa está bombeando água da Barragem de Santana Helena, no Rio Jacuípe, em Dias D`Ávila - aproximadamente 3,6 metros cúbicos por segundo - para o Lago da barragem de Joanes II.
Em paralelo reduziu em 20% a retirada de água da Brasken (antiga Copene) - em torno de mil litros por segundo - de Joanes II e fez um acordo com a empresa, que vai construir uma adutora de 10,5 km, no Rio Jacuípe, para que passe a utilizar a água da Barragem de Santa Helena, em vez da Barragem do Joanes II.
Preocupação - O coordenador de barragens da Superintendência de Recursos Hídricos do estado, João Hilton, diz que não há riscos imediato de racionamento de água para a população de Salvador, mas diz que a falta de chuvas na região preocupa, uma vez que em toda área da Bacia do Rio Paraguaçu as precipitações foram abaixo da média histórica no período compreendido de novembro a fevereiro.
João Hilton explica que a água acumulada em Pedra do Cavalo dá para os próximos oito meses, caso não chova no período. Ele explicou que para haver um colapso, seria preciso que a cota do lago caísse dos atuais 111,94 metros para 106 metros, que representa o nível mínimo operacional da barragem, o que comprometeria o abastecimento de água em Salvador.
O superintendente da SRH, Júlio Rocha, se reuniu nesta terça-feira, 19, à tarde com o superintendente de operações da Embasa, Carlos Ramires Brandão e com os meteorologistas Ricardo Rodrigues e Allysson de Mattos, para discutir ações conjuntas que possam minimizar os efeitos da redução das chuvas em Salvador. Foi instalada uma sala de situação de emergências para avaliar as medidas conjuntas que serão tomadas, que vai avaliar, amanhã, às 15 horas, o resultado da análise climática para os próximos três meses na região .
Num trecho de pouco mais de 2 km, após as comportas de Pedra do Cavalo, o Paraguaçu pode ser atravessado a pé. Dalí até Cachoeira quase não há água. Com o leito do Paraguaçu seco, em vez de peixes, os moradores vizinhos quebram pedras que são utilizadas na construção civil.
(Adilson Fonseca,
A Tarde, 19/02/2008)