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amazônia
2008-02-20
Grupo percorrerá mil km de avião, barco e a pé

Uma equipe de 30 pessoas, incluindo pesquisadores de universidades brasileiras e analistas ambientais do Instituto Chico Mendes, inicia no próximo domingo a segunda expedição ao Parque Nacional do Juruena, localizado entre o extremo Norte do Mato Grosso e o Sudeste do Amazonas. O parque, com quase dois milhões de hectares, é um dos maiores do Brasil. Durante 21 dias, o grupo percorrerá cerca de mil quilômetros em avião, barco e a pé, nas áreas do Pontal do Mato Grosso e do Rio Tapajós, no Amazonas, para fazer o levantamento da biodiversidade da região. As informações vão servir para a elaboração do plano de manejo do parque.
 
Entre os locais em que serão feitas as amostragens estão a região do Pontal, no Mato Grosso, a comunidade da Barra do São Manoel e o Rio Tapajós. Além das pesquisas sobre biodiversidade de fauna, flora e meio físico, serão realizadas também pesquisas socioeconômicas, além de reuniões com as comunidades para maior integração com o entorno. A primeira expedição ao Parque Juruena ocorreu em novembro de 2007, na região do Salto Augusto, no estado do Mato Grosso.
 
Os pesquisadores e coordenadores embarcam no dia 24, em Alta Floresta (MT), num avião monomotor. A cada vôo, previsto para durar 1h30, serão transportados cinco passageiros. Eles serão deixados na Fazenda Pontal, de onde o grupo, já com as 30 pessoas reunidas, vai se acomodar num barco recreio. O barco será o ponto de apoio e o principal meio de deslocamento durante a expedição. Na viagem, os pesquisadores contarão ainda com seis embarcações menores ("voadeiras") que os conduzirão até as trilhas no meio da floresta amazônica, que serão feitas a pé.
 
No momento, os gestores do Parque Nacional do Juruena, que são analistas ambientais do Instituto Chico Mendes, estão concentrados nas pesquisas e na elaboração do plano de manejo.

– Somente conhecendo melhor o parque, o seu potencial e os seus problemas é que as ações de fiscalização e monitoramento poderão ser mais bem planejadas, assim como o trabalho de educação ambiental junto às comunidades – destaca a analista ambiental Roberta Freitas, uma dar organizadores e integrantes da expedição.
 
Biodiversidade

O Parque Nacional do Juruena possui quase 2 milhões de hectares (1.957 hectares), entre as bacias hidrográficas dos rios Juruena e Teles Pires, no extremo norte de Mato Grosso e sudeste do Amazonas. Os municípios que circundam a área são Apiacás, Aripuanã, Cotriguaçu e Nova Bandeirantes no Estado do Mato Grosso, e Maués e Apuí no Estado do Amazonas, além de fazer limite com Jacareacanga, no Pará. O decreto de criação da unidade data de junho de 2008.
 
A área do Pontal de Apiacás possui belezas cênicas ímpares, incluindo o percurso do próprio Rio Juruena, mas também trechos da Serra de Apiacás, áreas de cerrado e de floresta. A localização é considerada de extrema importância para a conservação da biodiversidade e das relações ecológicas do bioma amazônico pelo fato de integrar o mosaico de unidades que formam o Corredor de Biodiversidade da Amazônia Meridional.
 
Nesta áreas se encontram mamíferos, primatas (17 espécies de macacos, pertencentes a 10 gêneros diferentes), répteis, anfíbios, muitos deles de espécies ameaçadas, endêmicas e raras. A riqueza de espécies de aves é identificada como muito alta, e a de peixes e outros grupos da biota aquática considerada de relevância extrema, pois protege rios que drenam o planalto cristalino (Escudo Brasileiro), com corredeiras e cachoeiras.
 
Os limites leste e oeste do parque são resguardados por terras protegidas tanto na esfera federal quanto estadual. A leste, a área faz limite com as terras indígenas Kayabi (MT) e Mundurucu (PA). Já em sua fronteira oeste as terras são contínuas ao parque estadual do Sucunduri (AM), à Floresta Nacional de Jatuarana (AM), ao parque estadual Igarapés do Juruena (MT) e à Reserva do Desenvolvimento Sustentável Barariti (AM).
 
Os limites Sul e Norte são os que necessitam de maiores investimentos na proteção. A face sul (estado do Mato Grosso) do parque está voltada para uma região crítica de desmatamento, podendo ser considerada uma das principais fronteiras do desmatamento na região Amazônica. Nas áreas internas e do entorno do parque foram identificadas atividades ilícitas e conflituosas tais como extração ilegal de madeira e atividade de garimpo. O fogo utilizado pelos proprietários rurais também representa ameaça para a preservação da integridade das áreas do parque.

(Portal do Meio Ambiente, 19/02/2008)



 

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