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emissões de co2 biocombustíveis
2008-02-19
Os fortes indícios de aumento do desmatamento em novembro e dezembro de 2007 no Brasil sugerem para o governo e toda a sociedade a necessidade de ações mais enérgicas para combater o desmatamento ilegal, além de ações que tratem do problema do aquecimento global, mudanças climáticas e redução de emissão de gases poluentes.

Diplomacia tem sido a forma de se preservar, freqüentemente no caso de assuntos confidenciais, diálogos entre governos. No entanto, vivemos hoje em um mundo interligado onde muitos dos desafios mundiais contemporâneos estão fora do controle direto governamental. Tais questões exigem uma dedicação de vários setores da sociedade, incluindo setor privado, legisladores e sociedade civil.

O trabalho da Globe (Organização Mundial de Legisladores para um Ambiente Equilibrado) é um bom exemplo de como um grupo não-governamental pode desempenhar um papel-chave no desenvolvimento, assegurando e implementando um acordo internacional. A Globe tem promovido um diálogo sobre mudanças climáticas desde 2005 para reunir legisladores dos países que compõem o G8 acrescidos dos cinco chamados de economias emergentes, que incluem Brasil, China, Índia, México e África do Sul. Esses países juntos são responsáveis por aproximadamente 70% das emissões de gases que causam o efeito estufa. Senadores norte-americanos, notadamente John McCain, Joe Lieberman e John Kerry, congressistas chineses, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe têm todos participado de fóruns recentes sobre a questão, realizados no Senado dos EUA e no Bundestag, Berlim.

Nesta semana, será a vez de o Brasil receber essa reunião de legisladores veteranos das maiores economias do mundo. Aproximadamente cem legisladores de várias posições políticas reunir-se-ão em Brasília durante dois dias para finalizar um relatório sobre políticas a respeito de importantes tópicos como biocombustíveis e reflorestamento.Está confirmada a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que falará sobre a atual situação do Brasil dentro dos principais temas relacionados ao meio ambiente. Há a previsão de o presidente Lula e o primeiro-ministro japonês, Fukuda, abrirem o fórum. O ponto-chave dos debates será a elaboração de declaração contendo um desenho abrangente da situação de mudanças climáticas pós-2012.

No Brasil, um grupo de parlamentares já participou dos dois primeiros fóruns -em Washington e Berlim, em junho de 2007. O grupo, coordenado pela senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), contou ainda com a presença dos senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Cícero Lucena (PSDB-PB) e dos deputados federais Eduardo Gomes (PSDB-TO), Antonio Palocci (PT-SP) e Augusto Carvalho (PPS-DF).

O encontro em Brasília será o primeiro em que um esquema abrangente pós-2012 será testado politicamente por legisladores das maiores economias do mundo. Um acordo sobre esse conjunto de ações em Brasília representará um passo importante e uma alavanca significativa para uma negociação formal nas Nações Unidas, que será iniciada na primavera, nos termos do plano de ação de Bali. Afinal, são os legisladores que devem ratificar qualquer acordo internacional em seus parlamentos nacionais antes de o acordo ser validado como um todo.

É importante destacar aqui que eventos como esse do G8+5 sobre mudanças climáticas são também responsáveis para que outras questões apareçam aos olhos de todos, como o caso do desmatamento. Eventos assim despertam em toda a sociedade o interesse em saber o que se faz no "meu país" sobre a questão da defesa do meio ambiente.

Ao participar da formulação de políticas públicas, todos os setores da sociedade podem influenciar e, portanto, ter participação nas políticas e nos acordos aprovados pelo governo. Somente ao agir em prol de um objetivo comum é que poderemos ter sucesso em lidar com a questão das mudanças climáticas.

No Brasil, estaremos determinados a liderar um acordo sobre ações relacionadas à mudança climática de uma forma ambiciosa, justa e prática. Acima de tudo, o consenso tem sido alcançado em conformidade com legisladores, empresários e grupos da sociedade civil -o futuro da diplomacia moderna.

(Elliot Morley e Serys Slhessarenko, Folha de São Paulo, 19/02/2008)



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