Fenômeno registrado sábado durou cerca de 20 minutos Apesar dos ventos com velocidade estimada em 150 km/h, o tornado registrado na localidade de Lageado, em Tubarão, no limite com a cidade de Treze de Maio, no Sul do Estado, foi considerado, pelos estragos causados, de intensidade moderada.
O fenômeno ocorrido no final da tarde de sábado destruiu duas casas e destelhou pelo menos outras dez na localidade. Ontem, uma equipe composta por técnicos da Defesa Civil Estadual e da Epagri/Ciram realizaram uma vistoria técnica na região e classificaram o tornado como F1, com ventos de 117 km/h a 180 km/h. A escala Fujita vai de zero a cinco.
“O tornado operou no centro de uma microbacia, fez um trajeto circular e pode ser considerado de longa duração, já que durou cerca de 20 minutos, quando a maioria não chega a 15”, ressaltou Maurici Monteiro, meteorologista da Epagri/Ciram.
"O tornado atingiu uma área de cerca de 30 quilômetros quadrados. O tornado passou em um local ermo, onde as casas estão afastadas, por isso não causou tantos danos”, avaliou o gerente do Departamento Estadual de Defesa Civil, Emerson Neri Emerim, que ontem vistoriou o local com o meteorologista.
A confirmação de tratar-se de um tornado foi feita graças ao registro de fotos e vídeos registrados por moradores da região. “Pudemos reconhecer nas fotos que a nuvem tocava o solo, uma das característica do tornado. É difícil prever um fenômeno como esse. No radar, até podemos ver a nuvem que pode acarretar um tornado, mas não com certeza", explica a meteorologista da Epagri Gilsânia Cruz.
"Por isso, em geral, os alertas de tornado só são emitidos quando alguém vê. Uma das diferenças entre um tornado e um furacão é que o tornado é de menor escala, ele atinge uma localidade, enquanto o furacão pode atingir até cinco municípios”, acrescenta Gilsânia.
A combinação de calor forte, umidade e áreas de instabilidade determinou a ocorrência do fenômeno. “São fenômenos mais comuns em épocas de calor forte”, disse Maurici Monteiro. A geografia pouco acidentada do terreno também colaborou.
“As áreas de planície do Sul do País são mais propícias à formação dos tornados. Nesse caso, a instabilidade da região foi reforçada por uma formação de nuvens que se deslocaram da Serra gaúcha em direção ao litoral”, afirmou Luiz Kondraski, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As últimas ocorrências de tornado em Santa Catarina foram em Campos Novos (em 23 de julho de 2007), em Florianópolis (em 24 de março, na praia dos Ingleses) e em Criciúma (em 3 de janeiro de 2005).
(Laura Coutinho,
A Notícia, 19/02/2008)