Ribeirão Preto mapeia interceptores de esgoto
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2008-02-19
Comdema quer laudo com estabilidade de terrenos onde estão interceptores de esgoto
O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente deve solicitar ao Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), nos próximos dias, uma demonstração de estabilidade de terrenos onde estão sendo instalados interceptores para o tratamento de esgoto. O órgão alega risco de desbarrancamento em alguns pontos, como no Parque Ribeirão, onde dutos estão sendo implantados em solo de entulho.
"O entulho é aterro não controlado, não tem sustentabilidade. Tanto é possível como previsível que ele rompa e o interceptor caia no rio, o que seria um problema ambiental gravíssimo", afirmou o engenheiro civil Lênio Garcia, autor do pedido ao Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), do qual é membro. Ele é ambientalista da ONG Pau-Brasil e integra o Comur (Conselho Municipal de Urbanismo).
Segundo Garcia, critérios técnicos não estão sendo respeitados pela Ambient, empresa responsável pelas obras. "A norma de aterros prevê que tem que haver controle geotécnico, de compactação do solo, e não estão tomando esse cuidado", alertou. "A cidade merece projetos feitos com eficiência, e não da maneira mais barata. Nem sempre o meio mais econômico é o que tem o menor preço", acrescentou.
A reportagem tentou contato com o presidente da Ambient, Paulo Roberto de Oliveira, mas foi informada de que ele estava viajando e não poderia falar.
O promotor regional do Meio Ambiente, Marcelo Pedroso Goulart, disse que, se a irregularidade for comprovada, ele deve abrir um inquérito para apurar. "Agora é cedo para dizer quais as conseqüências cabíveis", afirmou.
Em agosto do ano passado, a Ambient prorrogou o contrato com a prefeitura que prevê tornar o esgoto 100% tratado em Ribeirão até dezembro de 2008. O valor das obras é de R$ 38 milhões e a concessão, que terminaria em 2018, foi prorrogada até 2023. Atualmente, a empresa atua em seis frentes de trabalho instalando a rede que desvia o esgoto dos cursos d'água e leva para as duas estações de tratamento da cidade. Segundo o Daerp, pelo menos 70% do esgoto produzido em Ribeirão é tratado (1,8 milhão de m³ por mês).
Além da questão dos interceptores, o projeto da Ambient é alvo de crítica de ambientalistas por provocar desmatamento (821 árvores no total) e fazer a compensação ambiental em outras áreas que não as afetadas. Mas, de acordo com o Daerp, seria inviável fazer o plantio nas áreas dos interceptores porque, a cada manutenção, as árvores precisariam ser arrancadas. Técnicos em meio ambiente afirmam que compensar áreas próximas é o ideal, mas, se não for possível, o melhor é fazer o reflorestamento em blocos.
(ANA LÍGIA VASCONCELLOS)
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