Após a audiência pública em que foram colhidas sugestões para o escoamento da energia a ser produzida por usinas de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, destacou a importância estratégica que a geração a partir do bagaço de cana terá para o país.
“Esse sistema é muito importante para que tenhamos um 2009, 2010 e 2011 com mais tranqüilidade no equilíbrio entre oferta e demanda”, afirmou nesta seguda-feira (18/02) Kelman à Agência Brasil.
Segundo o diretor da Aneel, o bagaço de cana sempre foi visto como um “entulho”, com as caldeiras das usinas direcionadas para queimar e desaparecer com os resíduos. Entretanto, com caldeiras mais modernas pode-se com a queima do bagaço obter o vapor capaz de acionar turbinas que geram energia elétrica.
“Essa transformação em usinas já existentes é muito rápida. Depende apenas da instalação da caldeira e, em novas usinas, no Mato Grosso do Sul e Goiás, significam a possibilidade de acréscimo de geração em um prazo curto, num período de entressafra de novas usinas”, explicou Kelman.
O assessor da presidência da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Onorio Kitayama, informou que com o desenvolvimento da tecnologia de gaseificação do bagaço, as usinas poderão, nos próximos anos, gerar até 300 quilowatts por tonelada de cana, “três vezes mais que a geração na tecnologia atual”. Kitayama também ressaltou que a energia de biomassa tem geração sazonal que coincide com o período de menor capacidade da hidroeletricidade.
Kelman, por sua vez, citou benefícios diretos que a energia de biomassa, a partir da queima de bagaço, pode trazer para a população. “Hoje o resto da produção do açúcar e do álcool vira fuligem. [Com a biomassa] Ganha o cidadão com menos poluição e ganha o consumidor com mais fartura de energia.”
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 18/02/2008)