A solidariedade é o elemento-chave para proteger o meio ambiente, afirmou em 13 de fevereiro passado em Nova York o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé ante as Nações Unidas. Intervindo na 62ª sessão da Assembléia Geral do organismo, durante o debate sobre o tema «Enfrentar a mudança climática: As Nações Unidas e o mundo à obra», o prelado recordou «a ineludível responsabilidade de todos» de promover «um meio ambiente são para as gerações presentes e futuras».
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática celebrada em Bali em 2007, afirmou, mostra que «através de uma maior preocupação por novos vizinhos, em especial pelos mais vulneráveis à mudança climática, estamos mais preparados para adotar estratégias e políticas que equilibrem as necessidades da humanidade com a urgência de uma administração mais responsável».
A solidariedade se apresenta, portanto, como linha-guia na ação para a salvação do ambiente. «Pôr em comum os recursos torna as iniciativas de redução e adaptação economicamente acessíveis à maior parte dos países, ajudando os menos preparados a perseguir o desenvolvimento, salvaguardando ao mesmo tempo o meio ambiente», sublinhou.
Esta atitude, observou, é crucial também com relação a um fator especialmente importante do desenvolvimento sustentável, «o uso de tecnologias limpas». «Para ajudar os países em vias de desenvolvimento a evitar os erros que outros cometeram no passado», observou o arcebispo, os altamente industrializados deverão compartilhar com eles este tipo de tecnologia.
Quanto ao compromisso da Santa Sé, o arcebispo recordou que «o empenho pessoal e os numerosos chamados públicos do Papa Bento XVI suscitaram campanhas de conscientização por um renovado senso de respeito pela necessidade de salvaguardar a criação de Deus». Desde um ponto de vista mais prático, a Santa Sé já tomou medidas para reduzir e compensar as emissões de carbono no Estado da cidade do Vaticano, como o uso de painéis solares.
Segundo o observador permanente, «corresponde a cada indivíduo e a cada nação assumir seriamente a própria parte de responsabilidade para encontrar e implementar o enfoque mais equilibrado possível» ao desafio da mudança climática.
O desenvolvimento sustentável, constatou, «proporciona a chave para uma estratégia que leve em conta harmoniosamente as exigências da conservação ambiental, da mudança climática, do desenvolvimento econômico e das necessidades humanas fundamentais».
Apesar da degradação ambiental que se constata em muitas partes, o núncio observou que «indivíduos e comunidades começaram a modificar seus estilos de vida, conscientes do fato de que o comportamento pessoal e coletivo tem um impacto no clima e no bem-estar geral do meio ambiente».
Do mesmo modo, os mercados «devem ser animados a patrocinar ‘economias verdes’ e não a sustentar a demanda de bens cuja própria produção é causa de degradação ambiental».
«Os consumidores devem saber que suas tendências de consumo têm um impacto direto sobre a saúde do ambiente. Deste modo, mediante a interdependência, a solidariedade e a responsabilidade, os indivíduos e as nações serão mais capazes de equilibrar as necessidades do desenvolvimento sustentável com aquelas da boa administração em todos os níveis.»
O desafio da mudança climática, explicou Migliore, «é ao mesmo tempo individual, local, nacional e global», e exige portanto «uma resposta coordenada em diferentes níveis».
Visando à «United Nations Framework Convention on Climate Change» (UNFCCC), que se celebrará em Bangkok (Tailândia), de 31 de março a 4 de abril próximos, o prelado expressou sua esperança de que o evento «favoreça o lançamento de estratégias nacionais» e promova «uma partilha mais eqüitativa de recursos e tecnologia para ajudar os países vulneráveis com menos recursos a compreender melhor e a valorizar os riscos que devem enfrentar».
A conquista dos objetivos de um melhor cuidado do ambiente, concluiu, «exige uma aliança global para a adaptação de uma estratégia política internacional coordenada, visando a um ambiente saudável para todos».
(Por Roberta Sciamplicotti,
Zenit, 18/02/2008)