Em todo o mundo um bilhão de pessoas não tem acesso à água potável, enquanto mais de três bilhões sofrem com ausência de esgotos, revela oficial de projetos da UNESCO no Rio Grande do Sul, Cíntia Bonder.Porto Alegre,RS - A situação da população mundial, no que se refere ao saneamento é dramática: um bilhão de pessoas não tem acesso à água potável, enquanto mais de três bilhões sofrem com ausência de esgotos. A revelação foi feita pela oficial de projetos da UNESCO no Rio Grande do Sul, Cíntia Bonder. Participando da Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento das Cidades, na PUC/RS, ela lembrou que, além desses dados alarmantes, há todo o problema da poluição que as indústrias largam nas águas.
Mas a situação vai além. A própria população que vive em condições abaixo da linha da pobreza, muitas vezes também contamina os lençóis freáticos por não possuir tratamento nos seus resíduos”, acrescenta ela. E cita como exemplo a Vila Mathias Velho, no município de Canoas, na Grande Porto Alegre, onde os catadores de lixo, se por um lado conseguiram aumentar seus rendimentos, por outro, estão levando do lixo que catam para suas casas, formando montanhas de resíduos em frente às residências, com crianças, porcos e cachorros brincado. E, dramaticamente, ao lado de tudo isso há um poço onde pegam água.
Déficit de planejamentoEla entende que estamos caminhando a passos muito lentos para a solução do problema. “Se fala tanto nos objetivos do milênio”, acrescenta a oficial de projetos da UNESCO, “mas já sabemos que não vamos conseguir atingir as metas para 2015. Na questão de cidades existe um descompasso muito grande, com enorme déficit de planejamento, o que atrasa a sustentabilidade”.
A expectativa, diz, é que daqui a alguns anos 80% da população passe a viver em cidades. E não se está fazendo planejamento para essa migração. “O problema tende a ficar cada vez mais caótico, com impactos diretos sobre o meio ambiente. E, é claro, atingir diretamente a área de serviços da água e de tratamento de esgotos”.
E quem vai pagar pelo impacto direto dessa situação é a própria população. Tudo isso, enfatiza Cíntia Bonder, gera uma série de problemas na área da saúde. “Não é em troca de nada”, acrescenta ela, “que temos hoje dengue, mal de chagas, febre amarela, que antes eram doenças endêmicas, voltando de forma muito forte”.
Década da EducaçãoOutra grande linha de atuação da UNESCO é com a educação. As Nações Unidas proclamaram o período de 2005 a 2014 a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável e nomearam a UNESCO como responsável pela sua promoção. “O órgão pretende desenvolver e formatar esse modelo de desenvolvimento sustentável junto com diversas parcerias, enfatiza a oficial de projetos. “Aqui no Rio Grande do Sul”, agrega ela, “temos um protocolo assinado com nove universidades e, todos os anos, no mês de setembro, é feito um simpósio. Neste ano vai ocorrer o quinto simpósio, quando teremos painelistas e um momento de trabalho de grupos que acaba sendo propositivo. Esse trabalho é todo dirigido às universidades”.
Em 2006, uma das sugestões foi que as universidades tivessem a disciplina de ética ambiental em seus currículos. E a maioria das universidades que fazem parte do protocolo acabou implantando. “Cada vez mais esse grupo toma corpo e torna-se consistente para desenvolver suas atividades. No ano que vem vamos ter a avaliação da década para todo o continente americano, que deverá ser no Brasil”, complementa Cíntia Bonder.
(Por Juarez Tosi,
EcoAgência, 17/02/2008)