O início da maior e mais longa operação de combate ao desmatamento na Amazônia está ameaçado pela falta de recursos e de estrutura do governo federal para pôr em prática as ações planejadas pela Polícia Federal e pelo Ibama. Até agora, não foram liberados os R$ 200 milhões necessários à mobilização de policiais, militares e fiscais ambientais em pontos estratégicos da Floresta Amazônica. Mesmo assim, a chamada Operação Arco de Fogo será lançada pelos ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Meio Ambiente, Marina Silva, na próxima quinta-feira, em Belém.
- Não sabemos se o dinheiro virá do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) ou de uma rubrica específica. O que sabemos é que o dinheiro ainda não saiu - afirma um das autoridades responsáveis pelos preparativos do mutirão contra crimes ambientais.
Os recursos deverão ser aplicados na compra de equipamentos, em pagamentos de diárias e na manutenção da estrutura de fiscalização. Só nesta primeira fase está prevista a aquisição de 50 contêineres, onde serão instalados escritórios móveis para abrigar policiais e fiscais em pontos centrais de estradas e matas. Esses escritórios, que servirão como bases da operação, vão mudar de endereço à medida que os fiscais forem avançando sobre as áreas mais críticas do desmatamento. Sem a previsão orçamentária, o processo de compra dos escritórios sequer foi iniciado, a menos de uma semana do início das ações.
Diante das dificuldades, policiais e fiscais já trabalham com a hipótese de começar a operação em conta-gotas. As primeiras ações serão iniciadas no prazo previsto no calendário do governo, mas os ataques mais sólidos aos responsáveis pelos crimes ambientais, que fariam a diferença desta em relação a outras grandes operações, só serão deflagrados em três meses. A repressão na primeira fase teria só caráter simbólico. A ofensiva mais dura contra o corte, o transporte e a venda ilegal de madeira só aconteceria após a montagem da estrutura de fiscalização.
(Por Jailton de Carvalho,
O Globo, 16/02/2008)