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desmatamento da amazônia transgênicos ctnbio
2008-02-18
Muita gente estranhou o fato de o desmatamento na Amazônia não ter sido tratado aqui nos últimos quatro meses. Justamente agora que o desmate se encontra em aceleração e o governo supostamente cogita uma mal-explicada anistia para devastadores?

É fadiga, gente. São 20 anos lendo e escrevendo sobre um debate que se arrasta a passos infinitesimais. Sim, há avanços -mais estudos, mais dados, algumas iniciativas sensatas do governo federal (o que não quer dizer que sejam suficientes). Mas há também retrocessos.

O mais grave, talvez, seja ver tanta gente -de Lula a ONGs- responsabilizando (só) o Ministério do Meio Ambiente pelo desastre que se prenuncia. Como se ele pudesse de fato fazer alguma coisa diante do trator exportador de commodities.

Dá engulhos ouvir Kátia Abreu (DEM-TO) recomendar a Marina Silva que se demita por "negligência, incompetência ou traição". Justo a ruralista do grupelho de senadores para desautorizar autuações de trabalho similar à escravidão na Pagrisa, plantação de cana em plena Amazônia...

Assim caminha no Brasil -com a qualidade de bate-boca em porta de ginásio- a discussão sobre temas complexos. Quer mais? Tente acompanhar o Fla-Flu interminável dos transgênicos.

Na semana que terminou, mais um passo. Parece definitivo: o Conselho Nacional de Biossegurança (instância máxima, com 11 ministros) deu aval para uma decisão anterior da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) liberando plantio de duas variedades de milho modificado. Mas gente da Anvisa, do Ibama e de ONGs já ensaia novas exigências, recursos, processos...

Ninguém agüenta mais essa lenga-lenga de dez anos, que há muito já se descolou de um debate substantivo e maduro, capaz de avançar com base em informações empíricas. E não só por responsabilidade dos adversários dos transgênicos, note bem, que bem ou mal garantiram um mínimo de discussão pública sobre a questão.

O tema está confinado dentro de duas molduras estanques e mutuamente excludentes. De um lado, a retórica que identifica transgenia com biotecnologia, biotecnologia com ciência e ciência com progresso da humanidade. De outro, a que elege a transgenia como antítese e nêmese da agroecologia, da agricultura familiar e de um anacrônico ideário campesino-antiimperialista.

Toda a dificuldade reside em que a maioria daqueles que se pronunciam sobre a questão termina por fazê-lo optando por um dos lados, o que só perpetua a irresolução. Existem, claro, alguns quixotes independentes por aí. Gente que escreve artigos e livros que ninguém lê.

Apesar da fadiga, vai aqui recomendado um livrinho recente, bem fácil de ler: "Transgênicos, Sementes da Discórdia" (Editora Senac, 171 págs., R$ 35). É uma coletânea de ensaios organizada pelo economista José Eli da Veiga, quixote profissional. São três textos: um a favor (dos agroeconomistas José Maria da Silveira e Antonio Marcio Buainain), um contra (do agrônomo Gabriel Fernandes) e um interpretativo (do sociólogo Ricardo Abramovay).

Leitura indispensável, sobretudo para gente que ainda acredita em manter a discussão numa camisa-de-força "técnica", que restrinja "emoções". Conclui Abramovay: "Os processos democráticos pelos quais as escolhas tecnológicas, cada vez mais, são feitas pertencem ao interior mesmo da atividade científica".

Vale para os transgênicos e vale para o uso da biodiversidade amazônica. Também para a pesquisa com embriões e animais, energia nuclear, mudança climática... Vamos crescer, gente?

(Por Marcelo Leito, Coluna Ciência em Dia, Folha de S.Paulo, 17/02/2008)

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