O Departamento de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda financiar a compra de terras no País com o objetivo de conter o desmatamento. A medida beneficiaria diretamente outros biomas, mas "tem sinal político forte" para a Amazônia, avalia a representante nacional da organização americana de preservação da natureza The Natury Conservance (TNC), Ana Cristina Barros. O plano do BNDES é baseado em projeto desenvolvido pela TNC, há dois anos, em Lucas do Rio Verde (MT).
"Isso daria valor à floresta em pé, para se contrapor à questão de que a floresta vale mais depois de aberta. O financiamento de áreas de reserva legal não existe hoje. Estamos estudando a possibilidade de financiar a aquisição de terras", disse o chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, Eduardo Bandeira de Mello.
O projeto depende de uma mudança no estatuto do banco, que não prevê o financiamento de terrenos. "Isso não é problema, seria o caso de uma excepcionalidade, que é concedida pela diretoria. Não acredito que haja entrave ou limite para o volume de recursos. Mas é um projeto ainda", declarou. Mello define o eventual financiamento como "especulação do bem", e afirma acreditar que isso ajudaria a resolver a questão do desflorestamento.
"Uma das causas da ilegalidade é a falta de mecanismos. Hoje, produtores não podem pegar empréstimo em lugar nenhum. Espero que outros bancos percebam isso como uma oportunidade de negócio. Haverá um salto de qualidade no setor agrícola", disse Ana Cristina. Segundo ela, o caminho é "seguro e promissor".
Propriedades
Em Lucas do Rio Verde, Ana Cristina afirma, 100% das propriedades rurais - cerca de 680 - foram cadastradas, numa parceria com a prefeitura. O próximo passo será a criação de reservas legais. "Temos diálogo com quase todos os produtores. A idéia é apostar num caminho que sirva para o Brasil. O sistema permite o monitoramento e, no mercado, a qualidade ambiental vai ser o diferencial. Aí, entrou o BNDES, que se destaca por ter sacado o problema. Isso vai permitir que os produtores se capitalizem", avalia.
(Agência Estado, 14/02/2008)