O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte João Abner declarou nesta quinta-feira (14/02) que a falta de água no Nordeste não é geral, é um mito, pois há regiões nordestinas onde a água é abundante. E são justamente essas áreas, alertou o professor e doutor em hidrologia e irrigação, que serão contempladas com a água que será bombeada do rio, com a execução do projeto do governo de transposição de águas do Rio São Francisco.
João Abner fez seu pronunciamento na audiência pública promovida por quatro comissões, no Plenário do Senado, com o objetivo de discutir o projeto do governo de integração do Rio São Francisco com bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional.
- A água que sairá do São Francisco irá irrigar rios perenes e os grandes reservatórios do Nordeste como Castanhão, Mãe D'Água e Engenheiro Armando Gonçalves. Equivalerá a "chover no molhado", pois os grandes beneficiários não serão as populações das regiões onde a seca realmente existe, mas os megaprojetos de fruticultura e da cultura do camarão - alertou.
João Abner garantiu, ainda, que todos os estudos sobre o impacto do projeto sobre o meio ambiente foram realizados de maneira tendenciosa. Na verdade, disse, ninguém sabe o que vai acontecer na região com a execução do projeto. Na opinião do professor, o povo da bacia do São Francisco tem todo o direito de reclamar da perda de água que deverá ocorrer com a transposição, uma vez que 80% da capacidade do rio já é utilizada para geração de energia elétrica, informou.
(Por Laura Fonseca,
Agência Senado, 14/02/2008)