Projeto tem um custo estimado de R$ 4,5 bilhões
O clima esquentou nesta quinta-feira no Senado, em Brasília, durante audiência pública sobre a transposição do Rio São Francisco. Com a presença de políticos, autoridades governamentais, acadêmicos, religiosos, artistas e ambientalistas, houve discussões acaloradas, com destaque para o bate-boca entre o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), defensor da obras, e a atriz Letícia Sabatella, contrária à transposição. O deputado chegou a dizer que no seu trabalho às vezes deve "meter a mão na massa, às vezes suja de cocô".
A audiência durou mais de cinco horas. Em defesa do projeto, falaram, entre outros, Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes e dom Aldo Di Cillo Pagotto, presidente do Comitê Paraibano em defesa da Integração do São Francisco. A qualidade dos estudos técnicos que embasam as obras, os debates realizados com a sociedade e o benefício a 12 milhões de nordestinos foram os principais argumentos apresentados por aqueles que defenderam a transposição.
Contra o projeto, dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), que protestou com greves de fome contra a transposição, enfatizou que a obra beneficiará o grande agronegócio e não servirá para matar a sede da população rural do semi-árido ou auxiliar os pequenos agricultores. Também falaram contra o projeto, além de Letícia, Apolo Lisboa, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, e os atores Osmar Prado e Carlos Vereza, entre outros.
O projeto tem um custo estimado de R$ 4,5 bilhões e envolve a participação de 12 ministérios. Prevê a construção de dois grandes canais de ligação do São Francisco a bacias menores: o Eixo Norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, e o Eixo Leste, que beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de Pernambuco e da Paraíba.
O governo prevê que, até 2025, serão beneficiadas 60 cidades e uma população de 12 milhões de nordestinos. As obras foram iniciadas em junho de 2007, com os trabalhos de topografia e construção de uma barragem e dois canais de aproximação do rio com as estações de bombeamento, na região de Cabrobó (PE).
(Diário Catarinense, 14/02/2008)