Um plano criado pelo governo chinês para combater a poluição industrial, que prevê a restrição de empréstimos bancários às empresas mais poluidoras, não cumpriu as expectativas, noticiou nesta quinta-feira (14/02) a imprensa estatal chinesa. De acordo com o vice-ministro da Administração Estatal para a Proteção Ambiental (Sepa), Pan Yue, embora o "plano verde" tenha apresentado progressos na segunda metade de 2007, "estes ficaram muito aquém dos resultados esperados".
Em declarações ao jornal China Daily, Pan assegurou que "há dificuldades institucionais e técnicas na promoção do plano no país". O governo afirmou que pretende reforçar a cooperação com o setor financeiro para desenvolver um mecanismo de "crédito verde" eficiente, adiantando que os reguladores financeiros e as instituições de crédito têm um papel-chave na promoção deste sistema.
A política do "crédito verde" foi implementada em julho do ano passado, como parte do plano global chinês para reduzir as emissões de dióxido de carbono em até 10% entre 2006 e 2010. Este objetivo, a par da tentativa de diminuir em 20% o consumo energético, é a principal medida da China para lutar contra as mudanças climáticas e combater os problemas ambientais que afetam o planeta.
Entre as dificuldades de aplicação do sistema de "crédito verde", está a falta de comunicação entre agências ambientais e instituições financeiras, assim como a falta de regras claras para a atribuição do crédito, assinalou o vice-ministro chinês. O responsável do governo admitiu que uma das principais contrariedades tem sido o corte substancial nos empréstimos a empresas que consomem muita energia, mas que são poluidoras com lucros elevados.
O "plano verde" do governo publicou, em dezembro, a lista negra das empresas poluidoras, na qual figuravam mais de quatro mil companhias, entre elas algumas filiais de multinacionais, como British Petroleum, Honda, Toyota, Ford e Michelin. As empresas incluídas na lista que falhassem no cumprimento de critérios ambientais ou na implementação de medidas de proteção teriam acesso ao crédito negado.
Desde que a política foi anunciada, os empréstimos às empresas da lista negra foram revistos, suspensos ou rejeitados. De acordo com as autoridades, associando o desempenho ambiental das empresas com a facilidade de acesso ao crédito, a política do "crédito verde" pretende não só reduzir a poluição, mas também o risco financeiro.
(Lusa,
UOL, 14/02/2008)