Superintendência garante que regras são cumpridas no Estado. Russos iniciam vistoria hoje no país
O setor produtivo gaúcho da carne bovina reagiu fortemente às declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que disse ontem, em audiência pública no Senado, que os frigoríficos brasileiros exportaram cortes de gado não rastreado para a União Européia (UE). Até mesmo o superintendente do Ministério da Agricultura no Estado (Mapa/RS), Francisco Signor, disparou: 'Se houve, não foi no Rio Grande do Sul'.
Além de discordarem das opiniões do ministro, as lideranças do setor se questionaram sobre a gravidade das afirmações. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Ronei Lauxen, a atitude de Stephanes não ajuda o Brasil a retomar os embarques de carne para a UE. 'É um tiro no pé o ministro dizer isso, enquanto o Mapa é o responsável pela fiscalização. A declaração só vai nos preocupar.'
Se ocorreu algum caso de exportação de carne de animais não rastreados, Lauxen acredita que não foi a partir de plantas gaúchas, mas admitiu a possibilidade de problemas na certificação das propriedades. 'Se houve, não foi por deficiência nos frigoríficos, que investiram muito na rastreabilidade. Pode ter sido problema nas propriedades ou nas certificadoras', garantiu. O dirigente reforçou que cabe ao ministério fazer o controle dos animais rastreados. A única unidade gaúcha habilitada para a UE é o Mercosul.
Para o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, a declaração explica o embargo. 'Agora começa a surgir o porquê da falta de credibilidade do país.' Ele participou da audiência pública e considerou desagradável ter de ouvir as afirmações de Stephanes. 'O ministro soltou o verbo lá. Ele que arque com isso.' Além disso, Sperotto acredita que, caso tenha havido problemas, não há relação com as propriedades. 'O ministro foi claro, disse que os frigoríficos exportaram carne não rastreada', destacou.
A questão pode prejudicar ainda a relação com a Rússia. Os técnicos do país estão no Brasil e começam, hoje, a auditoria a frigoríficos. A previsão é que estejam no RS na segunda-feira. Conforme Signor, a tendência é que os russos adotem as mesmas exigências da UE.
(Correio do Povo, 14/02/2008)