As agressões acontecem em diversos pontos, desde as cabeceiras até a sua foz.
Em 2002, quando o cardiologista Adib Jatene esteve no Acre para participar como palestrante na primeira aula do curso de medicina da Ufac, o senador Tião Viana o convidou para um passeio de barco de Rio Branco até Xapuri, sua terra natal e local da foz de um dos maiores afluentes do Rio Acre, o Rio Xapuri. Nesse passeio, o senador ficou surpreso com a quantidade de bancos de areia, o lixo e o desmatamento nas margens do rio. Em 2007, tornou a fazer o trajeto de barco com um grupo de amigos e viu tudo piorado, ainda mais desmatamentos e lixo e a quase extinção da fauna aquática que existia, pássaros, patos d’água. Desde então foi amadurecendo a idéia de colocar em execução um plano de recuperação da bacia do rio.
O Rio Acre nasce no Peru, atravessa o Acre no sentido SulNorte e deságua no Rio Purus, no município de Boca do Acre, Estado do Amazonas percorrendo um trajeto de cerca de 1.190 quilômetros. No Acre banha os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Capixaba, Rio Branco e Porto Acre. O Vale do Acre é a região mais desenvolvida e habitada do Estado. O Rio Acre é o rio da vida. Diariamente ele mata a sede de milhares de acreanos, garante roupa lavada e comida cozida. É estrada, rio abaixo, rio acima. Mas todo dia é agredido. Seus afluentes e nascentes também. Seus preciosos igapós, que mantêm o nível da água do rio no período de verão, estão secando. As matas ciliares, derrubadas impiedosamente, abrem caminho para a erosão. A ocupação desordenada das áreas alagáveis provoca transtornos e até tragédias nas alagações.
Por outro lado, períodos mais longos de estiagem são uma verdadeira ameaça ao abastecimento. Em 2005, o rio ficou reduzido a um fio de água, obrigando à instalação emergencial de bombas flutuantes.
O lixo que todo mundo joga dentro do rio e nos seus afluentes é outra ameaça. Já jogaram de tudo, fogão geladeira e até fuscas velhos sem contar os esgotos urbanos.
É preciso salvar o rio Acre da morte. Se continuar do jeito que vai, o rio morrerá em 20 anos, prevêem alguns estudiosos. A seca de 2005, seguida de alagação, em 2006, parece que foi uma amostra do que está por vir. Quanto maiores forem as agressões, piores serão as secas e as alagações.
Em janeiro de 2007, o senador Tião Viana, em viagem de batelão, desceu o rio Acre, desde Xapuri até Rio Branco. Com um grupo de amigos, entre os quais o prefeito Raimundo Angelim, pôde observar o quanto as margens do rio estão degradadas. A vegetação original está quase totalmente modificada, tendo sido tomada por pastagens. A fauna está sumindo. Os patos, outrora abundantes ao longo do rio, hoje estão praticamente desaparecidos. Peixes... o que se diz por aí é que no rio Acre só dá candiru e piranambu.
Mais que nossa principal fonte de água, o rio Acre também é cenário de nossa história onde aconteceram batalhas épicas, na conquista da terra. Em suas margens, Galvez implantou sua utópica cidadela, Plácido de Castro foi covardemente assassinado e surgiu o Estado do Acre.
É preciso agir. Alertado pelo senador, sua assessoria em Rio Branco está sensibilizando a sociedade para se engajar na luta pela preservação do rio.
Várias ações estão sendo planejadas, e nelas o fator fundamental para o sucesso é a participação dos cidadãos moradores do Vale do Acre e a mobilização das comunidades ribeirinhas.
Programa de Recuperação da Bacia Hidrográfica do Rio Acre
Por meio desse programa, o senador Tião Viana coloca seu mandato na luta de recuperar a qualidade ambiental na bacia hidrográfica do rio Acre. O programa contempla ações de limpeza e desobstrução, recuperação da mata ciliar e as nascentes, com objetivo de conter o processo erosivo de suas margens, o nível de assoreamento do leito, a recuperação de aqüíferos e lençóis freáticos adotando um método participativo e de mobilização comunitária.
O programa prevê um pacto com os municípios banhados pelo rio Acre, de modo que cada um faça identificação de seus problemas e a gestão de sua micro-bacia, apoiados pelo gabinete do senador na execução dos projetos de recuperação.
O envolvimento comunitário e a capacitação dos envolvidos – requisitos indispensáveis para o sucesso da iniciativa – se dará através de um sub programa denominado ‘Cidadania da Água’.
Para operacionalizar o programa foi estabelecido um grupo de trabalho (GT) formado por profissionais da área, todos voluntários: Sueli Melo - professora doutora em Ecologia e a assessora do governo do Estado; Lisandro Juno - professor doutor em Ecologia e professor da Ufac; Pedro Plese – doutor em Agronomia; Janaína Almeida, mestre em Ecologia e especialista em Botânica; Marcos Silveira, mestre em Ecologia e especialista em Botânica; Isanelda Magalhães – especialista em recursos pesqueiros.
Segundo Sueli Melo, porta voz do GT, foi feito um plano diretor, que vai dizer para as pessoas quais são as ações a serem executadas, baseadas em evidências sócio-ambientais para já começar o processo de intervenção e recuperação da bacia. Este plano foi feito para as prefeituras. Vai ser firmado um pacto com os prefeitos. Dentro desse pacto está dito qual é a obrigação do gabinete do senador Tião Viana, do senador enquanto pessoa pública, responsável pelas políticas públicas do seu estado e qual é a responsabilidade de cada prefeitura. Sueli ressalva que as prefeituras, para entrar nesse plano, têm que obedecer algumas diretrizes estabelecidas, visando um objetivo único. Assim, o papel do gabinete do senador será o de dar as diretrizes da recuperação da bacia até que uma estrutura de gestão de recuperação da bacia seja montada, ou pelo governo do Estado ou por uma instituição não-governamental. As prefeituras vão elaborar os projetos, vão apresentar para o GT que vai avaliar os projetos. Se os projetos estiverem de acordo com o plano, eles serão encaminhados para o senador Tião Viana que vai buscar recursos para financiá-los. O GT também vai prestar assessoria para as prefeituras na confecção dos projetos.
Principais problemas do Rio Acre
Retirada da mata ciliar
Erosão
Assoreamento
Despejo de esgoto
Ocupação desordenada das margens
Despejo de lixo
Pesca predatória
Poluição das águas superficiais
É fundamental recuperar a mata ciliar
Mata ciliar é a vegetação que acompanha as margens dos cursos de água. De acordo com o doutor Paulo Plese, ela é fator de equilíbrio trazendo muitos benefícios:
a) Qualidade da água: melhora a qualidade e retêm sedimentos, nutrientes como P e N.
b) Estabilização das margens: malha de raízes que dá resistência aos barrancos.
c) Habitat para fauna silvestre: abrigo, alimentos, servem como corredor de fauna.
d) Habitat aquático: sombreamento para águas, mantendo a temperatura e alimento.
Tendências alarmantes
Os próximos anos serão decisivos para estancar o processo de degradação e insistir na recuperação, pois, as tendências só apontam para a potencialização dos problemas:
Aumento da população
Expansão da agricultura no Estado do Acre
Expansão da atividade agroindustrial
Aumento da produção de lixo
Aumento de esgoto doméstico
Maior número de rodovias asfaltadas
Ocupação de novas áreas
(Por Flaviano Schneider,
Página 20, 13/02/2008)