A Índia conta hoje com 1411 tigres, quando em 2002 tinha 3642 e há um século 40 mil animais, segundo o mais recente censo à espécie, realizado pela Autoridade Nacional para a Conservação do Tigre, organismo governamental. Os seres humanos continuam a matam os animais para fins medicinais e o seu habitat está cada vez mais fragmentado. “O tigre tem sofrido com a caça ilegal, perda de habitat de qualidade e perda das suas presas”, comentou Rajesh Gopal, membro da Autoridade Nacional, num comunicado publicado ontem à noite.
Os conservacionistas dizem que há falta de guardas e os poucos que existem são mal pagos e não têm armas eficazes, o que lhes dá poucos incentivos para combater os caçadores furtivos. Várias partes e órgãos destes animais são considerados potentes ingredientes na medicina tradicional asiática, especialmente na China. É muito pouco provável que as populações venham a recuperar, alertou Valmik Thapar, conservacionista e conselheiro do primeiro-ministro Manmohan Singh para as questões de conservação da vida selvagem.
Thapar acusa o “mau governo, uma burocracia cega e ridícula, um ministério do Ambiente e Florestas que durante os últimos cinco anos tem funcionado mal e um primeiro-ministro que tem boas intenções mas está rodeado de pessoas que o aconselham mal”. Em 2005, o Governo anunciou que o tigre se extinguiu na Reserva de Sariska, 30 anos depois do lançamento do Projecto Tigre, um esforço nacional para proteger a espécie.
Mas a Índia diz que não desiste. Recentemente, o Governo disse que vai investir 103 milhões de euros nos próximos cinco anos, quatro vezes mais do que o orçamento anterior. Parte desse dinheiro será gasto nas comunidades tribais localizadas no habitat do tigre. O censo não incluiu os Sundarbans, uma vasta zona de mangais na fronteira com o Bangladesh, onde ainda se podem ver tigres, porque o terreno exige métodos de contagem diferentes.
(Reuters,
Ecosfera, 13/02/2008)