Nem forças do Estado, nem grupos guerrilheiros. A presença de atores do conflito armado colombiano no território dos povos indígenas Bojayá é fortemente repudiada pelos moradores locais, que estão em eminente perigo de desalojamento. Em nota divulgada esta semana, a Associação de Organizações Indígenas do Departamento de Choco (Asoorewa) denunciou que presença das Forças Armadas Colombianas está impedindo a livre circulação dos moradores por seus territórios.
Além disso, a Associação alerta sobre a grave situação de fome e desnutrição infantil que está afetando às comunidades indígenas. Cerca de 330 famílias moram nas regiões em que a proximidade com as áreas de conflito está fazendo com que os indígenas vivam confinados por medo de serem envolvidos na guerra.
Segundo a Associação, em janeiro deste ano, quatro helicópteros das Forças Armadas da Colômbia desceram nas comunidades indígenas de Salinas e Chanó, os soldados invadiram as comunidades e ocuparam espaços comunitários.De acordo com a denuncia, "todos os dias aterrissam helicópteros no campo de futebol, intimidam as comunidades desrespeitando seus regulamentos internos e os princípios da organização ‘Unidade, Território, Cultura e Autonomia’ ".
Os soldados são acusados ainda de estarem acabando com os recursos de pesca, pois usam dinamite para fazê-lo. Na comunidade dos Embera, a população é impedida de realizar atividades de cultivo, pesca e caçar. Eles são acusados também de atrapalharem as atividades escolares, a colheita de ervas medicinais e o desenvolvimento da cultura.
"Queremos continuar em nossos territórios construindo um futuro sem deixar-nos expulsar por nenhuma força armada, seja a guerrilheira ou a força pública legalmente constituída na Colômbia. Por isso, nos declaramos em resistência cultural permanente para salvaguardar nossa Unidade, Território, Cultura, Autonomia e Governo Próprio", disseram os Bojayá, na nota.
Nesse sentido, os indígenas exigem do governo que cumpra com as normas vigentes da legislação indígena, respeite os direitos humanos dos povos quanto população civil, respeite o sistema tradicional de produção, não impeça a população de exercer sua própria autonomia, não interfira nos processos organizativos das comunidades.
(Adital, 12/02/2008)