Diversos materiais tóxicos foram encontrados na tarde desta terça-feira, em Portão, pela equipe da 2ª Companhia do 1º Batalhão Ambiental de Sapucaia do Sul
Produtos derivados do couro estavam depositados de forma irregular em uma área particular, na Zona Rural do município, às margens do Arroio Cascalho. A preocupação, além dos danos ambientais, é sobre o consumo de água daqueles que moram nas proximidades, já que a maioria utiliza o líquido vindo de poços artesianos. Conforme informações da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o material, que ainda não foi identificado, foi encaminhado para a Utresa, empresa de Estância Velha que é receptora de produtos químicos, onde será feita a análise. O proprietário já foi identificado, mas até o fechamento desta edição não havia sido localizado.
De acordo com o sargento Marco Antônio Lopes Ramalho, há indícios de que a empresa juntou restos de lixo de curtumes. Estes produtos estavam dispostos em cerca de 50 tonéis na Rua Campo Grande. "Pelo que nos parece, estes são pedaços de couro que os proprietários estavam despejando dentro do arroio, com a esperança de que a chuva levaria os produtos com a correnteza." Outro indício da gravidade do problema era o chorume (resíduo líquido) aparente que saía do monte de material despejado na beira do córrego. "Este chorume penetra no solo e contamina toda uma área", afirmou. Segundo a patrulha, ainda não é conhecida a origem do produto.
Além da contaminação do meio ambiente, há o risco para os moradores da localidade. "Muitos que moram às margens do Cascalho usam a água proveniente do arroio", completou o sargento. O eletricista automotivo Luciano da Silva Mendes, 26 anos, é um destes moradores. Ele, que vive com a esposa e dois filhos ao lado de onde o material foi encontrado, teme pela saúde de sua família. "Tenho medo de que a água esteja contaminada, já que possuímos poço artesiano e ele não é muito fundo", disse.
O secretário de Indústria, Comércio e Meio Ambiente de Portão, Délcio da Silva, se mostrou surpreendido com a quantidade do produto encontrado. "Este local não tinha registro e nem alvará para atuar com estes resíduos. Só chegamos até este lugar por meio de denúncia. Nesta área rural, nunca havíamos registrado uma situação parecida", afirmou ele, ressaltando que a área seria bloqueada e o material retirado com a ajuda de uma retroescavadeira.
(Jornal VS, 12/02/2008)