Projeto do girassol chega em sua segunda fase, revelando-se como cultivo adequado a pequenas propriedades
O cultivo de girassol como possibilidade de diversificação e renda na propriedade rural tem mostrado bons resultados, porém, um pouco diferentes dos projetados por seus defensores. O êxito do emprego da torta – resíduo resultante da trituração da semente – na alimentação animal, com destaque para o aumento da produtividade do gado leiteiro, vem redesenhando a perspectiva inicial do projeto experimental de produção de biodiesel. “Se, no início, a previsão era produzir 90% de biodiesel e 10% de alimentação animal, hoje a situação mudou e os índices são de 50% para cada uso”, informou o vice-presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Heitor Petry, que coordena a iniciativa desenvolvida em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
“Os resultados nos deixam otimistas e mostram que estamos no rumo certo, trabalhando de forma integrada, com vistas à produção de energia e alimentação animal”, resume o dirigente. Segundo ele, o óleo extraído da planta ainda não vem sendo usado como combustível. A transformação está sob a responsabilidade da Unisc, que desenvolve uma microunidade para realizar o processo. “Para o agricultor, associar a produção de energia à de alimentos aumenta a chance do experimento representar uma geração efetiva de renda na pequena propriedade”, observa.
Segundo ele, 50% da pesquisa está concluída. Na primeira etapa, desenvolvida com recursos da Afubra, o óleo extraído ficou armazenado, enquanto a torta foi devolvida para o produtor alimentar animais, principalmente o gado. Conforme Petry, a segunda etapa do projeto vem sendo desenvolvida com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e envolve um produtor, de cada um dos 23 municípios gaúchos abrangidos pela iniciativa.
Promissor como alternativa de diversificação, o girassol vem se mostrando ideal para o cultivo em pequenas áreas. “O produtor que busca a sustentabilidade tem no girassol uma boa alternativa para agregar renda”, garante. Petry ainda destaca que, espelhado em exemplos bem-sucedidos na Alemanha e até no Brasil, a Afubra está adquirindo um filtro que possibilitará testar o uso do óleo vegetal in natura, isto é, sem a decantação da glicerina, diretamente nos motores agrícolas, possibilitando a economia de processamento.
(Por Maria Luíza Nunes, Gazeta do Sul, 13/02/2008)