Quando o grupo americano AES construiu a usina térmica de Uruguaiana (a maior do País e a maior usina de qualquer gênero do RS), os argentinos comprometeram-se com os brasileiros a fornecer o gás. Já no primeiro governo Kirchner, os argentinos perceberam que não tinham mais gás nem para si mesmos, simplesmente porque quebraram e não investiram.
A usina da AES passou a operar em regime de agonia. O ex-presidente da AES, quando dos primeiros cortes de suprimento, em março de denunciou ao editor desta página que os governos brasileiro e argentino violaram o contrato assinado entre a AES e a empresa argentina.
Desde novembro do ano passado, a situação mudou bastante, porque os argentinos resolveram restabelecer o suprimento parcial de gás, o que tem permitido que a AES produza a metade da sua capacidade de geração, ou seja, 300 MW.
O que houve ?
Na última visita de Christina Kirchner ao Brasil, logo depois de eleita, Lula pediu que os argentinos retomassem o fornecimento, apesar das suas carências (a Argentina compra 1,5 milhões de m3/dia de gás boliviano e pede imediato aumento para 4,5 milhões de m3). A governadora Yeda Crusius foi uma das que pediu a intervenção de Lula.
A contrapartida foi um bom negócio para a Casa Rosada, porque o Brasil passou a exportar 1 GW de energia elétrica para a Argentina, através da estação conversora de frequência de Garabi, localizada em Garruchos (a estação permite converter 2,8 GW).
A opção pelas usinas a gás foi uma enorme irresponsabilidade do governo brasileiro, porque nunca houve garantia real de suprimento do insumo, quase todo ele importado de repúblicas bananeiras, instáveis, irresponsáveis, boquirrotas,k do tipo boliviano e argentino.
No RS, além de Uruguaiana, onde a AES acreditou no suprimento argentino, também em Canoas a Petrobrás apostou no gás boliviano e construiu a Termocanoas, que a custo de milhões de dólares converte agora para usina a diesel.
As demais usinas a gás que estavam previstas foram para o brejo no RS, como foram também para o ralo os gasodutos Cruz del Sur, que traria gás argentino via Uruguai, e o TSB, que traria o mesmo gás, mas desde Uruguaiana.
Nota do editor - Estas informações são passadas aos leitores em primeira mão.
(Políbio Braga, 12/02/2008)