O ministro do Planejamento da Argentina, Julio De Vido, prometeu ontem ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, vender mil toneladas de carne mensais ao país em troca do fornecimento de petróleo.
Chávez agradeceu à Argentina pela "decisão que aliviará bastante a nossa família venezuelana". A Venezuela enfrenta há meses escassez de produtos da cesta básica, provocada pelo inflação e o controle do câmbio e dos preços. Pelo acordo, firmado ontem em Caracas, a Argentina também fornecerá farinhas, leite e óleo, entre outros.
Chávez recebeu ontem uma delegação de empresários do setor alimentício argentino, chefiada por De Vido, e disse que a Argentina "não deve se preocupar com o tema energético". "Não se preocupem, aqui há reservas de petróleo para cem anos e mais." De Vido classificou o acordo como "intercâmbio em condições de igualdade", diz nota do governo.
A Federação de Moinhos da Argentina ofereceu desviar suas exportações para abastecer a Venezuela com até cinco vezes o total de 10 mil toneladas de farinha que o país compra hoje da Argentina. Já a cooperativa Sancor, que recebeu um empréstimo venezuelano, prometeu voltar toda sua exportação de leite em pó ao país de Hugo Chávez.
Segundo Chávez, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, planeja uma visita a Caracas em março. Os dois ainda avaliam a data.
Exxon
A estatal venezuelana PDVSA anunciou ontem ter parado de vender petróleo cru à americana Exxon Mobil. A medida é uma resposta às ações que a Exxon move contra a estatal para tentar ser compensada por investimentos feitos na Venezuela até 2007 -a gigante deixou o país após não chegar a um acordo com o governo, que mudou as regras do setor. Ainda não estava claro ontem qual o impacto da medida.
(Por Adriana Küchler, Folha de São Paulo, 13/02/2008)