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2008-02-13

Ambientalista rejeitam um plano de conservação para a região montanhosa e florestal, paralela à costa ocidental da Índia, conhecida no mundo por sua grande biodiversidade. “Temos que nos unir novamente para deter a degradação ecológica do Ghats Ocidental”, disse Pandurang Hegde, líder do movimento Appiko (Abraço às árvores), que nos anos 80 forçou o governo a proibir o corte na área protegida. O movimento “Salvem Ghats Occidental” reuniu mais de 20 organizações regionais e locais para percorrer a área entre novembro de 1987 e fevereiro de 1988, em protesto pela construção de represas e centrais de energia que destróem um dos habitats mais ricos do mundo.

Organizações reagrupadas sob essa bandeira influíram na política governamental ao frear o corte de árvores no Estado de Karnataka e cancelar os planos de construção de uma represa em Silent Valley, declarada zona tropical tranqüila, convertida em parque nacional em 1984. O governo indiano também criou o Programa de Desenvolvimento do Ghats Ocidental em 1981 para garantir políticas que mantiveram o equilíbrio ecológico, preservaram a diversidade genética e criaram consciência para a restauração ecológica do dano já causado. Mas as organizações ambientalistas dos anos 80 foram se dissolvendo com o passar dos anos.

O Ghats Ocidental cobre uma área de 159 mil quilômetros quadrados e se estende por 1.600 quilômetros ao longo de seis Estados costeiros (Gujarat, Goa, Maharashtra, Krala, Karnataka e Tamilnadu) e abriga uma diversidade incrível de especies e algumas das maiores mostras de florestas tropicais de folha caduca. Apenas na área de Maharashtra há cinco mil espécies de plantas de floração, 139 mamíferos, 508 de aves e 179 de anfíbios. Pelo menos 325 deles estão em perigo de extinção no mundo. Sua complexa rede de 22 rios é responsável por quase 40% da bacia da Índia.

O ambientalista Sudhirendar Sharma compara Ghats Ocidental com a selva amazônica por sua importância ecológica. “A aposta para salvar Ghats Occidental é muito maior do que a prevista inicialmente, e seu alcance também”, ressaltou. “Toda região está atenta, pois é a porta de entrada dos salvadores monções que garantem água para este país”. Mas nos últimos anos um novo impulso da construção, favorecido pelo governo, reapareceu nas montanhas. A zona mais rica em biodiversidade se encontra no parque nacional de Nagarahole, Bandipur e Mudumalai, rodeado pelos Estados de Karnataka e Tamil Nadu e a região de Wynad, no norte de Kerala, e abriga a maior população de elefantes protegidos com 1.500 exemplares.

Mas a enorme extensão sofre muitas pressões de várias frentes. A organização não-governamental Prakruthi, fundada por Pandurang Hegde, realizou em 2006 uma travessia por Ghats Ocidental para avaliar a situação e identificar empreendimentos fora de lugar. Prakruti se dedica ao cultivo sustentável de florestas não destinadas à produção madeireira. Em Maharashtra, fábricas de aço e represas supõem um novo grupo de ameaças à biodiversidade. A mineração, o desvio de rios, o turismo e as monoculturas em Goa preocupam os conservacionistas.

Represas, centrais hidrelétricas, mineração e violentas guerrilhas de tendência esquerdista ameaçam Ghats em Karnataka. Invasão de cultivos agrícolas, urbanização e contaminação põem em risco as florestas em Tamil Nadu e Kerala. “O verdadeiro espírito do Programa de Desenvolvimento do Ghats Occidental parece ter sido sacrificado pelo governo”, lamenta-se Hegde.

O fornecimento de oxigênio da selva do Ghats Ocidental deve ser comercializado na nova economia de mercado que se instalou na Índia, afirmou Sharma, que participou da travessia de Prakruthi e redigiu um informe a respeito. “Pode-se vender carbono, por que não vender oxigênio?”, disse. “Por que não implementar um sistema para que o Ghats Occidental conserve suas florestas, e assim contribuir para armazenar o oxigênio para o país e a região e receber um incentivo de seus governos por isso?”.

Por outro lado, a organização decidiu realizar um encontro este ano entre os proprietários de terrenos do Ghats Ocidental para decidir quais medidas adotar. Será criado um site na Internet em março para reunir opiniões, impulsionar a campanha Salvem Ghats Occidental no mundo e captar a atenção internacional, informou Sharma. “O novo movimento não pode apegar-se às diretrizes do passado porque a realidade atual depende do mercado. Inclusive deve-se incluir especialistas em marketing”, disse Hegde.

(Por Keya Acharya, IPS, 12/02/2008)


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