As duas maiores fabricantes de óleo de soja do país, Bunge e Cargill, acreditam que os óleos de cozinha à base de soja que produzem não necessitariam ser rotulados. As empresas entendem que os alimentos vegetais não contêm nem 1% de componente transgênico – porcentagem a partir da qual a lei exige a rotulagem – e afirmam que estão incluindo a informação para melhor atender os consumidores que considerem isso relevante.
“Os produtos de consumo da Bunge não contêm transgênicos ou sua presença é inferior a 1%, por isso não há necessidade de rotular nenhum de nossos produtos como sendo transgênicos”, afirma Adalgiso Teles, diretor de comunicação corporativa da empresa, acrescentando que, devido a Bunge entender que alguns consumidores poderiam ter interesse em saber sobre a possibilidade de presença de elementos geneticamente modificados, resolveu agir pró-ativamente e rotular os óleos de cozinha.
A Cargill também sustenta que o óleo de soja produzido pela companhia “não possui qualquer proteína que possa ser geneticamente modificada" e, nesse caso, segundo avaliação da transnacional, "a rotulagem para os produtos não é obrigatória”.
Líderes de mercado, os óleos Soya e Liza, das empresas Bunge e Cargill, respectivamente, estão sendo produzidos com soja transgênica há anos, segundo
denúncia do Greenpeace, mas essa informação não era passada aos consumidores, apesar de a obrigatoriedade da rotulagem ter sido estabelecida por
decreto federal em 2003.
Primor rotuladoA Cargill anunciou no final de janeiro que irá incluir o símbolo “T” nos rótulos dos óleos de soja da marca Liza e Veleiro, mas ainda não foi possível encontrar os produtos alterados nas gôndolas dos supermercados de Porto Alegre. A empresa explica que a transição para os novos rótulos ocorrerá gradativamente a partir de agora, com os estoques de rótulos nas fábricas sendo substituídos já pela nova versão e ressalta que vinha considerando acatar a medida há muito tempo, “porém a complexidade do tema obrigou a empresa a estudá-lo em profundidade antes de tomar a iniciativa”.
A empresa admite, também, ter levado em consideração uma demanda judicial que aguarda decisão. Em setembro do ano passado, o Ministério Público de São Paulo se baseou em denúncia do Greenpeace – dando conta de que a Bunge e a Cargill estavam utilizando soja transgênica para produzir os óleos de soja – para entrar na Justiça com uma
ação civil pública exigindo a rotulagem dos produtos.
O sistema de rotulagem já vem sendo adotado pela Bunge no óleo Soya e, mais recentemente, no óleo da marca Primor. Além da letra T no meio de um triângulo amarelo, o alimento vem com uma mensagem: “Produto produzido a partir de soja transgênica”.
(Por Tatiana Feldens, Ambiente JÁ, 11/02/2008)