Sem espaço em Mato Grosso do Sul, índios da etnia Terena acamparam em Rondonópolis, mas não conseguiram terra. A Funai lhes deu 52 mil hectares (ha) no rio Iriri, entre Matupá e Peixoto de Azevedo.
Terra Indígena Marãiwatsede. Esse é o novo nome da área com 215 mil ha onde mil famílias vivem a agonia da espera pelo oficial de justiça que as despejará para integrá-la aos xavantes.
Marãiwatsede ocupa 70% de Alto Boa Vista. O restante de suas terras se estende por São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia. A reintegração ocorrerá a qualquer momento e não há plano para reassentar os posseiros que há mais de 30 anos cultivam aquela terra.
Alto Boa Vista será praticamente riscado do mapa da atividade econômica com a retirada dos posseiros de Marãiwatsede. Situação mais complicada ainda é a de Nova Nazaré - na mesma região - que tem a totalidade de sua área, inclusive a urbana, reivindicada pela Funai para ampliação do território Xavante.
A desocupação de Marãiwatsede já não está mais em discussão: acontecerá a qualquer momento. Na região, produtores convivem com a incerteza da validade documental de suas terras. Em dezembro de 2007 o ministro Tarso Genro (Justiça) criou a reserva Batelão, com 115.700 ha para a etnia Kayabi em Tabaporã, Juara e Nova Canaã do Norte. Em Batelão vivem centenas de famílias que produzem soja, arroz e milho em Tabaporã, e lidam com a pecuária nos outros dois municípios.
O desfecho de Batelão é previsível: desocupação para entregá-la aos índios que vivem em áreas muito distantes. A decisão de Tarso Genro foi criticada na Assembléia Legislativa e pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) Rui Prado.
A Amazônia Mato-grossense está em fase de consolidação econômica e enfrenta problemas com a falta de garantias jurídicas ao direito de propriedade. Essa situação dificulta o controle documental da produção agropecuária e do extrativismo vegetal.
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Diário de Cuiabá, 11/02/2008)