Há quatro anos, o Espaço de Sustentabilidade Caingangue, na parada 25 da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, tem permitido que 37 famílias indígenas ali residentes preservem a cultura do povo Caingangue. "O espaço ajudou a consolidar os laços de parentesco e a rearticular seus aspectos sociais, religiosos e políticos", lembra a antropóloga Ana Elisa de Castro Freitas, coordenadora de políticas Públicas para os Povos Indígenas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana (SMDHSU).
Em uma área de cinco hectares foram construídas 23 casas, uma escola, um posto de saúde, uma unidade fitoterápica, um centro cultural e um centro de inclusão digital (CID), em convênios com órgãos públicos e iniciativa privada. A organização interna fica por conta dos próprios índios, que fazem questão de manter viva a cultura dos ancestrais.
Na escola, de até 3ª série, os alunos têm ensino bilíngüe com professoras da própria tribo. No posto de saúde, um laboratório fitoterápico é gerenciado pelo Cuiã, o líder espiritual que prepara medicamentos com ervas, como manda a tradição. "A gente briga para que o tratamento seja diferenciado, porque a lei diz que o tratamento do índio deve ser diferenciado", diz o cacique Claudir Pény da Silva.
Os cerca de 120 caingangues têm como fonte de renda o artesanato, técnica que conservam ao longo de gerações. O artesanato, vendido nas feiras do Parque Farroupilha, voltou a ser produzido devido ao reencontro das famílias, que antes estavam dispersas pela cidade, no Espaço de Sustentabilidade. "Antes de virmos morar aqui, mal tínhamos dinheiro para comer. Agora temos, graças ao artesanato", diz Teresinha de Paula Ribeiro, que mora há um ano no local. Para conseguirem matéria prima, os índios têm acesso às unidades de preservação da prefeitura, de onde retiram somente o cipó, o que não destrói a natureza.
Trabalho conjunto
Além disso, o projeto vem promovendo a inclusão de novas técnicas de artesanato, com oficina de cerâmica, o que proporciona a eles qualificar e diversificar a produção artesanal. Segundo Ana Freitas, a nova orientação é desenvolvida junto com os índios Caingangues, respeitando as técnicas utilizadas durante séculos por seus ancestrais. De acordo com a antropóloga, a meta é tornar as famílias indígenas auto-sustentáveis, sendo elas as responsáveis pela coleta e comercialização de seus materiais.
O Núcleo de Políticas Públicas para os Povos Indígenas (NPPPI ) é responsável pela coordenação do Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas (GTPI), que possui um calendário que inclui reuniões sistemáticas, em que participam representantes das diferentes secretarias e departamentos do poder público municipal, e reuniões ampliadas, que contam com a presença de representantes das comunidades Caingangue e Guarani. O objetivo é promover o diagnóstico continuado, a avaliação, a articulação e a proposição de políticas públicas para os povos indígenas.
(Ascom Prefeitura de Porto Alegre, 11/02/2008)