Ao discursar nesta segunda-feira (11/02), o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que a preservação e o desenvolvimento sustentável da região amazônica deveriam ser uma prioridade para o Brasil. Na opinião do senador, falta "um projeto nacional para aquela região".
- Daqui a trinta anos a situação vai estar terrível se não tomarmos algumas providências que devem ser tomadas. É um problema de gravidade extrema - alertou.
O senador citou declarações do subchefe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Alta Floresta (MT), Cláudio Cazal, segundo o qual a maior parte do desmatamento na Amazônia é realizada sem autorização dos órgãos competentes. Ainda de acordo com o subchefe do Ibama, disse Mesquita Júnior, o instituto atua "de forma precária nas regiões críticas e tem excesso de servidores, verbas e estrutura em Brasília", ou seja, "os servidores e os recursos estão concentrados onde o problema não existe".
Cazal também diz, informou o senador, que o Ibama de Alta Floresta é responsável pela fiscalização de 13 municípios - uma área maior que os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo juntos - com apenas três servidores e nenhum carro.
Na opinião de Mesquita Júnior, é fundamental que o país tenha um grande projeto para a região, inventariando as riquezas naturais da Amazônia e planejando a exploração sustentável, acabando com as derrubadas criminosas. Esse projeto, explicou, poderia contar com a participação do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), das universidades, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)e das Forças Armadas, entre outros organismos.
- É necessário, entretanto, que essas instituições sejam dotadas de recursos humanos e matérias proporcionais ao tamanho da tarefa, do contrário, continuaremos fazendo de conta que estamos nos esforçando para mudar o quadro - avisou.
Mas o desmatamento não é o único problema da região, acrescentou Mesquita Júnior, pois doenças como a malária também afligem a população, além dos periódicos acidentes com embarcações precárias, muitas vezes com vítimas fatais. O senador disse ainda ser necessária a diferenciação entre "os verdadeiros assassinos da floresta" e os pequenos produtores rurais, pois os primeiros precisam ser punidos exemplarmente, enquanto os agricultores familiares precisam é de apoio, incentivos e capacitação por parte dos governantes para conseguirem produzir sua subsistência sem destruir a floresta.
- A nossa história é a da exploração predatória de matéria-prima bruta à custa do trabalho quase escravo da maioria da população amazônica. Isso aconteceu com a borracha, com a castanha, com os minérios e agora acontece com a nossa madeira. Qualquer política a ser executada na Amazônia tem que ter como foco principal os homens e as mulheres que ainda vivem aos milhares na floresta e na zona rural daquela região. Se dermos a eles melhores condições de sobrevivência, estaremos garantindo a sobrevivência de toda a Amazônia - afirmou.
(Por Augusto Castro, Agência Senado, 11/02/2008)