Mesmo os fazendeiros que legalmente ainda poderiam desmatar
até 20% de suas propriedades na Amazônia deveriam ser estimulados pelo governo
a não exercer este direito. A tese faz parte de proposta do Greenpeace para que
o Brasil consiga zerar o desmatamento na região até 2015.
E prevê o estabelecimento de mecanismos financeiros que
fortaleçam a capacidade do Estado de fiscalizar e monitorar, mas também de
pagar compensação aos produtores legítimos que renunciem ao desmatamento.
“O desmatamento na Amazônia tem papel muito grande nas
mudanças climáticas. É preciso parar”, afirmou o coordenador da campanha
Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário. Segundo ele, já existem 700 mil quilômetros
quadrados desmatados na Amazônia Legal, em floresta e cerrado.
Adário disse considerar positiva a intenção já manifestada
pelo governo federal de cortar financiamentos para quem desmatou além do
permitido pela lei. Mas ressalvou ser necessário um esforço de conscientização
dos representantes bancários no interior: “Quem toma a decisão de conceder ou
não financiamento não é o presidente de banco oficial, mas o gerente de agência
em cidades do interior da Amazônia. Ele vai receber a visita de um fazendeiro
pedindo empréstimo e, se não estiver bem informado, vai dar o financiamento –
até porque precisa cumprir metas”.
Para o coordenador do Greenpeace, é "inegável" o
envolvimento direto de órgãos de financiamento oficiais no fomento de
atividades que destroem o meio ambiente: “Se o governo analisar a fundo, uma
boa parte das atividades da Amazônia vai estar fora do alcance dos bancos e
terá que ser cancelada.”
Adário disse ainda que o governo deveria apoiar atividades
que levem em consideração a preservação da floresta, como a pesca de base
familiar, que gera emprego e renda para muitas comunidades da Amazônia e hoje
não recebe ajuda oficial.
“Os ribeirinhos precisam de condições de refrigeração
adequada, de barcos, de tecnologia e treinamento ambiental, porque têm um
índice de perda grande e competem com a escala industrial”, defendeu.
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 11/02/2008)