O presidente da Colônia de Pescadores Z-2, de São José do Norte, está lamentando a abertura da safra do camarão, sem que o crustáceo mostre tamanho ideal de captura
Carlos Simões, que disse ter sido voto vencido quando da realização do Foro da Lagoa que discutiu a abertura da safra no último dia primeiro de fevereiro, era totalmente contrário à liberação pela falta de tamanho do produto, considerando a tardia salinização das águas da Lagoa.
O presidente dos pescadores de São José do Norte, que juntamente com as Colônias do Rio Grande, Pelotas e São Lourenço do Sul formam o poder diretivo do Foro da Lagoa, entende que deveria haver um período maior para a liberação da pesca.
“Já escutei, inclusive, que em outros anos eu briguei pela abertura da safra mais cedo e que este ano sou contrário. Para esses, devo dizer que veja a pesca como coisa seria e como meio de manutenção de milhares de famílias que vivem do que o mar oferece. Sempre defendi o monitoramento permanente da Lagoa. Existem anos em que o camarão chega ao tamanho adulto antes de fevereiro e, se não for capturado - porque a lei é cega, atingirá o oceano, prejudicando o pescador da laguna. No entanto, em outros anos, como acontece agora, estamos em pleno fevereiro e o camarão ainda não atingiu tamanho ideal, constituindo-se em verdadeira depredação, o que estão fazendo”, disse o presidente.
Carlos Simões salientou que “a bem da verdade, outros profissionais também entendem como depredação a pesca nessas condições e, como exemplo, podemos dizer que atualmente é necessário um número em torno de 200 camarões para a obtenção de um quilograma, quando esse mesmo quilograma, com utilização de camarões tipo exportação, gira em torno de 90 a 110 exemplares”.
O líder dos pescadores nortenses finaliza dizendo que “lamentavelmente, essa é a realidade que estamos assistindo, além da falta de fiscalização, que deveria existir para coibir comercialização de camarões miúdos, posto que o crustáceo somente atingiria o tamanho adulto em março”.
(Jornal Agora, 11/02/2008)