Apesar dos esforços, a companhia de navegação Norsul tem dificuldades para conter o vazamento de óleo do comboio de carga que tombou há 13 dias em alto-mar, a 18 quilômetros do canal de acesso ao porto de São Francisco do Sul. No sábado (09/02), manchas de óleo apareceram em outras quatro praias da cidade: Capri, Itaguaçu, Ubatuba e do Forte.
A empresa, que foi multada em R$ 150 mil pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) pelo derramamento, deve ter a punição aumentada. A Fatma planeja rever o assunto hoje (11/02), com base em relatório entregue na sexta-feira.
A Norsul terceirizou há quase duas semanas o serviço de contenção e remoção do óleo que vaza dos tanques do empurrador-barcaça. Duas empresas, de Itajaí e do Rio de Janeiro, foram contratadas. A retirada do óleo é a primeira etapa do processo de retirada do comboio, que continua encalhado num banco de areia. Os trabalhos para a retirada das barcaças devem durar de quatro a cinco meses. A companhia estima que havia aproximadamente 124 metros cúbicos de óleo na embarcação no momento do acidente. O óleo, na maioria bruto e diesel, já havia chegado à praia de Enseada, também em São Francisco do Sul, e no balneário Uirapuru, em Itapoá.
A embarcação está encalhada a cerca de 3,5 quilômetros dos balneários das praias de Capri e do Forte. Banhistas não puderam aproveitar as praias na manhã de sábado. Uma das empresas contratadas pela Norsul começou o processo de limpeza no mesmo dia. Funcionários varreram o óleo depositado na areia e arrancaram a vegetação atingida pela mancha.
Os barcos atracados no Capri Iate Clube ficaram manchados de óleo. O clube chegou a enviar uma notificação à Norsul, mas ainda não recebeu um posicionamento da empresa. "As lanchas amanheceram cheias de piche. Ficou tudo preto", conta o vice-comodoro Fábio Pini. A limpeza dos barcos atracados deve ficar a cargo dos donos de cada embarcação – o seguro do local não cobre desastre ambiental.
O canal do Iate Clube, a cerca de 4 quilômetros do acidente, fica perto da boca do rio São Francisco. Apesar disso, o superintendente regional da Fatma, Julio Serpa, avalia que o dano não deve ter atingido áreas de mangue. "Os técnicos da Fundação acompanharam o trabalho da empresa no local do acidente", conta. Há pelo menos oito anos a região não era alvo de acidente ecológico.
O comboio transportava mais de 9 mil toneladas de bobinas de aço de Vitória (ES) para o porto de São Francisco do Sul. A carga seria utilizada pela Vega do Sul. Na noite de 30 de janeiro, a embarcação tombou perto da entrada do canal do porto. A tripulação se salvou. A Capitania dos Portos abriu inquérito para investigar as causas do acidente.
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A Notícia, 11/02/2008)