Alarmado com as chuvas que já causaram 50 mortes e afetaram 43 mil famílias na Bolívia, o presidente do país, Evo Morales, decidiu pedir uma trégua de 60 dias à oposição para lidar com as inundações. A iniciativa foi sugerida ontem a Morales pelo prefeito de La Paz, Juan del Granado.
"É importante que façam política, mas quando há problemas sociais e inundações, creio que temos que parar e atender às demandas do povo boliviano", disse Morales ontem, citado pela radio Erbol. Para Del Granado, as negociações entre o presidente e os governadores dos nove departamentos do país -seis dos quais são de oposição- precisam de um "parêntesis".
"As pessoas não necessitam agora de acordos políticos, não necessitam de referendos", afirmou, em alusão ao referendo revogatório que Morales propõe para todos os cargos executivos, inclusive o seu, para pôr fim à crise política.
Na semana passada, governadores e dirigentes cívicos oposicionistas dos departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando, Chuquisaca, Cochabamba e Tarija deram um ultimato ao presidente para atender a várias exigências. O prazo vence na próxima quarta e foi dado após um mês de diálogo infrutífero.
Os opositores rejeitam a nova Constituição da Bolívia (aprovada por governistas e aliados), a organização de um referendo sobre a sede dos poderes estatais e avanços nos estatutos autonomistas de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija. A região mais afetada pelas inundações é Beni, que, segundo a imprensa local, tem 80% de seu território sob as águas.
(Folha de São Paulo, 11/02/2008)