Escadas construídas especialmente para facilitar a transposição da barragem por peixes que pretendem desovar são muito utilizadas no hemisfério Norte. Mas nas regiões tropicais, isso apenas dificultou a vida desses animais, segundo reportagem de Cláudio Angelo publicada neste domingo na Folha de S.Paulo.
Concebidas para atenuar o impacto de hidrelétricas sobre a fauna, essas escadas de peixe, em vários casos, acabam tendo o efeito inverso, acelerando extinções. O fenômeno foi observado em Lajeado por cientistas da Universidade Estadual de Maringá (PR) e da Universidade Federal do Tocantins, mas deve estar se repetindo em vários rios Brasil.
As razões pelas quais os peixes não voltam são, em geral, uma combinação da biologia dos peixes tropicais e do ambiente alterado pelas construção das usinas hidrelétricas.
Peixes migradores dos trópicos depositam seus ovos em afluentes dos rios. As larvas desses animais e os ovos que não eclodiram descem o rio, seguindo a correnteza, e amadurecem no caminho. Mas, para isso, eles dependem de águas turvas e agitadas, o que as represas em geral não têm. Já os adultos evitam água parada. Especialistas acreditam que, na viagem de volta da piracema (como é chamada a subida para a desova), a água parada da represa funciona como uma barreira.
(Folha Online, Ambiente Brasil, 11/02/2008)