A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas inicia na segunda-feira um debate de alto nível que se estenderá por dois dias sobre a luta contra a mudança climática, visando impulsionar o acordo alcançado em dezembro na conferência internacional de Bali (Indonésia) para reduzir a emissão de gases poluentes.
Cerca de 20 ministros e centenas de representantes de mais de cem países se unirão ao empresário britânico Richard Branson e ao prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, para discutir os próximos passos na luta contra a mudança climática. A conferência na ilha indonésia terminou com um acordo assinado por 187 países que supõe a admissão por parte dos signatários, inclusive os Estados Unidos, da necessidade de um acordo global mais ambicioso que o Protocolo de Kyoto. A reunião também deu início às negociações para substituir este último tratado em 2009.
O presidente da Assembléia Geral, Srgjan Kerim, assegurou em comunicado à imprensa que o debate não pretende substituir as negociações iniciadas em Bali. "Nosso objetivo é apoiar o processo, é preciso manter o impulso conquistado no Mapa do Caminho de Bali (roteiro com os princípios que vão guiar as negociações do regime de mudanças climáticas)", indicou.
O ex-ministro de Relações Exteriores macedônio acrescentou que a mudança climática é um "problema que deve ser combatido de maneira sistemática, por isso a Assembléia Geral deve estar trabalhando de forma contínua". Outro propósito dos debates é encontrar a melhor estratégia para que os diversos programas e agências que formam o sistema da ONU contribuam de maneira efetiva para a redução de emissões de gases poluentes.
Tanto Kerim, como o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, reiteraram em diversas ocasiões seu convencimento de que a organização é o melhor fórum para combater um desafio global como a mudança climática. Ban apontou em recente relatório sobre o tema que a ONU deve proporcionar uma plataforma sólida, um marco sensato e fomentar a cooperação em seu seio para facilitar um futuro acordo global, com a proximidade da cúpula de Copenhague em 2009.
O presidente da Assembléia Geral e o secretário-geral abrirão o debate amanhã junto com Bloomberg, que é considerado um dos políticos dos EUA mais comprometidos com o meio ambiente. Branson, proprietário do Grupo Virgin, será o orador principal do almoço oferecido por Kerim às delegações de mais de 100 países que participarão do debate.
Entre os presentes também estará o presidente do Parlamento Europeu, Hans Gert Pöttering, a prefeita de Milão, Letizia Moratti, a atriz Daryl Hannah e o enviado especial da ONU para a mudança climática, o ex-presidente chileno Ricardo Lagos. O texto assinado em Bali afirma que os países industrializados transferirão tecnologia aos emergentes para ajudá-los a lutar contra o aquecimento global.
Em troca, os países em desenvolvimento se comprometem a realizar medidas para diminuir seus níveis de dióxido de carbono de forma a torná-los controláveis e verificáveis. O documento também inclui uma referência, embora indireta e não obrigatória, à necessidade de os países industrializados reduzirem suas emissões de gases poluentes de 25% a 40% até 2020, com relação aos níveis de 1990.
O "Mapa do Caminho" de Bali também prevê ajudas para atenuar os efeitos da mudança climática e "recompensas" pela proteção e conservação de florestas e selvas. O desmatamento é responsável por 20% dos gases causadores do efeito estufa, porque as árvores derrubadas enviam para a atmosfera todo o carbono que armazenam, que representa 50% de sua composição.
(Portal G1, Ambiente Brasil, 11/02/2008)