Milhares de caranguejos-uçá apareceram na faixa de areia da Praia Central, próximo à Barra Sul, em Balneário Camboriú. Os crustáceos chegaram à praia no último sábado, mas foi ontem de manhã que a concentração de caranguejos aumentou. A correnteza e a maré alta arrastaram os caranguejos do mangue, às margens do Rio Camboriú, para a faixa de areia, informou a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Centenas de caranguejos não resistiram estar fora do hábitat natural e morreram. Os crustáceos que permanecem vivos podem ser encontrados na beira do mar e até na calçada e no asfalto, em uma tentativa heróica de retornar ao mangue. A oceanógrafa da Secretaria do Meio Ambiente, Patrícia Zimmermann, explicou que os caranguejos-uçá ficam desconfortáveis na faixa de areia pois não estão adaptados. A concentração dos crustáceos ocorre entre as ruas 3.800 e 4.800.
- Os banhistas podem entrar no mar, mas não retirem os caranguejos da praia e tomem cuidado para não matá-los - disse Eduardo Cartamil, diretor do Departamento de Desenvolvimento Ambiental. De acordo com especialistas, o principal fator que causa o aparecimento dos caranguejos é o fenômeno da "andada", que corresponde ao período de acasalamento da espécie, quando os caranguejos deixam as galerias e sobem à superfície.
A secretária do Meio Ambiente, Carin Dorow, disse que a maioria dos caranguejos está sendo recolhida e devolvida ao mangue. Desde quinta-feira, equipes da Secretaria do Meio Ambiente recolheram mais de 1,5 mil caranguejos vivos e os devolveram ao hábitat natural. Caso o aparecimento persista, haverá plantão no fim de semana.
O caranguejo-uçá é considerado um dos componentes mais importantes da fauna dos manguezais. A espécie alimenta-se, principalmente, das folhas velhas e amareladas que caem das árvores do manguezal, possibilitando o retorno das folhas digeridas como nutrientes ao ecossistema.
(Patrícia Zomer, Diário Catarinense, 09/02/2008)