No auge da colheita da soja, produtores de Mato Grosso enfrentam problemas com o clima. Se na época de plantio a falta de chuva atrasou o trabalho no campo, agora o excesso interrompeu a colheita. Na região médio norte do Estado choveu quase uma semana sem parar no final de janeiro e inicio deste mês.
O movimento de caminhões na BR 163 é um termômetro do que está acontecendo no campo. A estrada corta as lavouras da região que mais produz grãos no mundo, como os municípios de Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde, há
São centenas de caminhões parados na beira da estrada, nos postos de combustíveis à espera de carga. Com a chuva, fica ainda pior. O caminhoneiro Pedro Rodrigues chegou na cidade num dia assim. E logo viu que não teria nem previsão pra carregar. Ele até tentou contato com um agenciador pra conseguir outro tipo de carga, para não ficar parado, perdendo dinheiro. Deu em nada.
Quem está muito preocupado com as perdas também é o produtor, lá no campo. Leandro Mussi tem 19 mil hectares com soja. Ele foi o primeiro no Brasil a começar a colheita ainda em dezembro, mas nesta semana teve que parar. Em 25% da área de lavoura que ele tem no município de Sinop a conheita agora está atrasada. Em outra propriedade de Mussi, em Lucas do Rio Verde, o trabalho nem começou, por causa da chuva. Aí as contas que ele começa a fazer, são do estrago.
– Acho que vou perder de
E aproveitou. Depois de quatro dias de tempo fechado o sol abriu e o cenário mudou no campo. As máquinas voltaram a trabalhar. Mas a colheita está só recomeçando e até março os produtores vão ter que torcer muito para que o tempo continue bom, e não como estava no inicio da semana.
O troca-troca do tempo - um dia faz sol, outro dia chuva - deixa os produtores com os nervos a flor da pele nesta época. Os analistas já previam que esta colheita fosse mesmo mais apertada, porque o plantio atrasou entre setembro e outubro. Mas não se esperava tanto.
O medo dos produtores é que com isso eles não consigam plantar a tempo outras culturas, como o algodão safrinha. É bem possível, conta Ceneri Paludo, analista de mercado. Ele diz que o problema é o efeito acumulativo desta situação. Além de tudo, no final das contas, vai aumentar o frete, que se traduz em custo de produção. A expectativa é que esta seja a maior safra de soja da história de Mato Grosso. Pode passar de 16 milhões de toneladas, segundo cálculos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É claro, se São Pedro deixar.
(Por Sebastião Garcia, Clic RBS, 09/02/2008)