Assustado com a lista suja o empresário em Juara e presidente do Sindicato dos Madeireiros do Vale do Arinos (Sinmava), com sede naquela cidade, Carlos Pereira Azoia contesta o Inpe, admite a existência de desmatamentos em Juara, mas acrescenta que são "todos dentro da legalidade".
"A lista suja pode desestabilizar nossa economia", analisa Azoia citando que um dos principais pilares da base econômica local é formado pelas 28 serrarias, cinco laminadoras e quatro fábricas de compensados de Juara. "Mais de 600 funcionários trabalham nas nossas fábricas de compensados. Somados todos os empregos diretos e indiretos temos mais de seis mil postos de trabalho no setor", argumenta. Esse número - sem computar os dependentes dos trabalhadores - representa 20% da população, de 32.023 habitantes.
O presidente do Sinmava teme o ‘trancamento’ da atividade madeireira. Se isso ocorrer, "será o caos", analisa. Azoia lembra que no ano passado o empresariado do setor madeireiro renovou parte da frota rodoviária comprando 40 Mercedes Benz Zero KM financiados numa faixa superior a 300 mil reais.
Azoia não aceita a estigmatização dos madeireiros. "Quando cheguei aqui (Juara) em 1983 o Código Florestal permitia o corte raso em 50% da floresta. Depois a Medida Provisória 2166 baixou a área desmatável para 20%. Respeitamos esse percentual, mas é preciso lembrar que vivemos num município com 21.387 km²", observa.
Além da área onde se permite o corte raso os madeireiros ainda podem trabalhar com Plano de Manejo Florestal, o que amplia o leque do desmatamento sem, no entanto, destruir a floresta. "Agora, vai tentar mostrar isso para os ambientalistas ou para muitos que não moram na Amazônia!", lamenta.
Juara figura na lista suja do Inpe com 110 pontos de desmatamento, mas não desmata para a agricultura mecanizada, porque sua topografia e característica do terreno não permitem tal atividade. A pecuária do município encolheu no período 2006/07 com o rebanho baixando de 888.915 para 853.590 cabeças.
O presidente do Sindmava arremata lamentando o modelo de fiscalização ambiental. "Eles não sabem nada, nem mesmo cubicar madeira e a multa que eles (Ibama) aplicam não têm legalidade porque não nos oferecem direito de defesa", desabafa. (EG)
(Diário de Cuiabá, 07/02/2008)