Cada unidade entregue na prefeitura rende R$ 0,40 ao carroceiro
O que fazer com pneus velhos, um dos principais criadouros do mosquito transmissor da dengue, geralmente abandonados em terrenos baldios ou esquecidos em pátios? O município de Santa Rosa, no noroeste do Estado, encontrou uma alternativa para que os acessórios não ajudem na proliferação da doença.
Há duas semanas, o município paga a carroceiros R$ 0,40 por pneu recolhido e entregue na sede da Vigilância Epidemiológica local. O material - antes desprezado - está aumentando a renda dos papeleiros, que são cadastrados e assistiram a vídeos sobre a doença antes da parceria ser colocada em prática. O dinheiro faz parte de verbas destinadas a ações de prevenção. Mil pneus já foram recolhidos pelos carroceiros.
O município é vizinho de Giruá, que no ano passado enfrentou uma epidemia da doença e onde foram registrados os primeiros casos autóctones de dengue (adquirida no Estado). Em Santa Rosa, cinco pessoas ficaram doentes por causa do vírus em 2007 (três se infectaram em outros Estados e duas em viagens a Giruá). Por acumularem água, ambiente ideal para as fêmeas do mosquito depositarem seus ovos, os pneus são o principal criadouro no município.
Pagamento é feito para carroceiros cadastrados
De acordo com o presidente da Fundação Municipal da Saúde, David Pereira da Silva, 80% dos 40 focos do mosquito em dezembro estavam em pneus abandonados.
- Se recolhermos 10 mil unidades, vamos pagar R$ 4 mil. Mas quanto vale a vida de um morador do município? - diz Silva.
O pagamento é feito apenas para os 184 carroceiros cadastrados. O material entregue é repassado à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, que envia os pneus para a termelétrica de Candiota.
Em quase duas semanas, o papeleiro Ediomar da Silva, 27 anos, recolheu mais de cem pneus, que encontrou nas ruas ou foi buscar na casa de moradores. A renda mensal dele, que é de um salário mínimo, já aumentou por enquanto em R$ 40.
- Foi uma boa idéia, a cidade fica mais limpa e nos livramos do mosquito - comenta o papeleiro.
(Por Silvana de Castro, Zero Hora, 08/02/2008)